Ter crianças e ser pobre. Em 2012, a população em risco de pobreza (com menos de 60% do rendimento mediano da população global) aumentou para 18,7% (eram 17,9% em 2011). É este o resultado de síntese mais emblemático do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (EU-SILC), um inquérito harmonizado no espaço europeu realizado regularmente, em Portugal, pelo INE.
Quando a família tem crianças a cargo a taxa de pobreza aumenta para 22,2% e caso seja uma família monoparental atinge-se os 33,6%. Ou seja, uma em cada três famílias compostas por um adulto com criança(s)a cargo é pobre. Mas há pior, em termos de taxa: famílias com dois adultos e 3 ou mais crianças atingem uma taxa de pobreza de 40,4%. Um número ligeiramente superior ao registado entre a população desempregada (40,2%).
O INE refere ainda que há cada vez maior assimetria entre os rendimentos recebidos pelos mais ricos e os rendimentos recebidos pelos mais pobres, continuando a tendência para o aumento da desigualdade em Portugal.
Lendo estes dados de síntese do INE não deixa de ser relevante constatar a associação entre as maiores taxas de pobreza e a presença de crianças no agregado familiar. Qual será a causa e qual será a consequência?
Por outro lado, a austeridade desenhada e as consequências da crise parecem contribuir para que a diferença entre ricos e pobres se reforce.