Como já aqui vimos, fruto do próprio método de cálculo do limiar de pobreza (que reage ao enriquecimento ou empobrecimento generalizado da população por ser uma medida relativa) é preciso cada vez menos dinheiro para deixar de se ser pobre em Portugal.
No artigo “Limiar a partir do qual se é pobre é cada vez mais baixo: €4904/ano (2012 – INE)” referimos que, segundo o INE, entre 2011 e 2012 esse limiar caiu €90, ou seja, quem em 2011 estivesse em cima do limiar ou abaixo dele em menos de €90 deixaria de ser pobre em 2012. Algo parecido já tinha sucedido entre 2010 e 2011. Com naturalidade surge a pergunta: como estaria a taxa de pobreza se o limiar de pobreza se tivesse mantido estável?
O INE fez esse exercício naquilo que designou de Linha de Pobreza ancorada no tempo no qual fixou o valor do limiar no ano de 2009 e atualizou para os anos seguintes apenas pelo efeito da variação da taxa de inflação. E a que resultados chegou? Veja-se a tabela anexa:
Comparando estes dados com a fotografia tirada em 2012 (para dados não ancorados no tempo) constata-se que a evolução da população em risco de pobreza foi bem mais dramática. Por exemplo, a taxa de risco de pobreza passa de 18,6% para 24,7% não se tendo registado nenhuma quebra da população pobre nestes 4 anos mas antes uma subida contínua que voltou a acelerar em 2012.
Pode encontrar mais informação sobre o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (EU-SILC) nos várias artigos onde escalpelizámos a informação do INE ou no próprio INE, consultando o destaque à comunicação social.