Varoufakis: Uma outra alternativa à saida do euro e à política atual (Expresso)

Sugestão de leitura ““Não pressionem os alemães a pagar as dívidas dos periféricos”, diz economista grego“, uma entrevista imperdível na íntegra de Jorge Nascimento Rodrigues ao economista grego Yanis Varoufakis. Excertos:

“(…) Três pilares de uma “proposta modesta”

Essa plataforma tem três pilares: 1) a conversão parcial da dívida soberana até 60% do PIB (o limite admitido pelo Tratado de Maastricht) através da emissão de obrigações por parte do BCE que, na prática, funcionará como um “intermediário”; 2) o lançamento de um programa do tipo do “New Deal” norte-americano de investimentos produtivos através do Banco Europeu de Investimento (BEI) e do Fundo Europeu de Investimento (FEI) que se financiarão no mercado obrigacionista; 3) o uso exclusivo do Mecanismo Europeu de Estabilização para a recapitalização direta do sistema bancário, sem o envolvimento do endividamento por parte dos governos. A dívida ao BCE contará para a dívida nacional, mas os empréstimos via BEI e FEI não.

(…) 

Qual é a diferença entre a vossa proposta de reconversão da dívida soberana e a divulgada pelo Conselho de Peritos Económicos alemães para a criação de um Fundo de Redenção da dívida?

O Fundo de Redenção apresentado pelo grupo de peritos alemães, e defendido por alguns partidos na Europa, pretende mutualizar a dívida soberana dos países membros do euro acima de 60% do PIB, utilizando obrigações europeias (as designadas eurobonds) ou outros veículos financeiros. Essa proposta levanta o problema do risco moral que é premiado e tem efeitos deflacionistas potenciais, gera expetativas de deflação massiva. A nossa proposta pretende que o BCE reconverta a dívida dos membros do euro até 60% do PIB – o limite de Maastricht – e que emita obrigações que os membros redimem. É uma reconversão parcial, apenas até ao limite de 60% do PIB considerado “legítimo”. O que está acima desse limiar fica a cargo dos estados membros, que terão de continuar a tratar desse serviço de divida separadamente. Não premeia os estados membros que violaram, precisamente, as regras básicas do euro. E, note-se, que a dívida ao BCE contará para a dívida nacional.

(…)

E se a chanceler Merkel e Mário Draghi, do BCE, continuarem a fazer orelhas moucas a propostas que não sejam enquadráveis na austeridade?

Se Berlim e Frankfurt se recusarem a ouvir propostas racionais, insistindo que os nossos países devem ser reduzidos a pó, então que se avance para o incumprimento, repito. Há que negociar usando inclusive a ameaça de incumprimento seletivo como uma alavanca, especialmente em relação ao BCE, tendo em vista as obrigações que adquiriu entre 2010 e 2011 como parte do seu falhado programa SMP (acrónimo para Securities Market Program, um programa, temporário e limitado, de aquisição no mercado secundário de obrigações dos países membros da zona euro, que funcionou entre maio de 2010 e fevereiro de 2012). (…)

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/nao-pressionem-os-alemaes-a-pagar-as-dividas-dos-perifericos-diz-economista-grego=f822704#ixzz2a6Bi2K4A
Yanis Varoufakis tem um blogue em inglês, o http://yanisvaroufakis.eu/
E pode segui-lo no twitter em @yanisvaroufakis

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