Por mais ponderosas que tenham sido as razões para colocar os seus filhos em escolas de ensino privado, é cada vez mais evidente que outros argumentos, muito provavelmente de ordem financeira, estão a levar muitas famílias a transferir os seus filhos que frequentam estabelecimentos de ensino privado para escolas públicas.
O artigo de “Crise. Há cada vez mais alunos de colégios privados a pedir transferência para o público” do jornal I é mais um entre vários que têm vindo a testemunhar esse movimento, dando nota do que já se vai adivinhando em termos de matrículas, que, como aqui sublinhámos, se encontram em curso. Na peça do I, sublinha-se a dificuldade em garantir que a primeria escolha dos país em termos de escola publica preferencial venha a ser viável (por incapacidade de resposta), destaca-se um incremento de despesa publica substancial que tais transferências virão a representar, além do mais que provável cenário se redução de quadros (e consequente aumento do desemprego) ou mesmo encerramento de vários estabelecimentos de ensino privado. Particularmente complexa será a situação das famílias com crianças com menos de 6 anos, residentes nas áreas de Lisboa e Porto e em alguns outros grandes centros urbanos, nos quais a oferta pública de infantários e pré-escolar tem sido claramente insuficiente para enfrentar a procura potencial que agora se poderá confirmar como real.
Note-se que em termos estritamente financeiros, o bondade da opção pela transferência agora tomada por um número crescente de famílias, ganhará argumentos em seu favor quando, já a partir de 2012 se perspectiva que o valor gasto com despesas de educação dedutíveis no IRS venha a ser reduzido.