Mecanismo de Estabilidade Europeu não terá preferência face a outros credores na Irlanda, Grécia e Portugal

Quem tem alguma memória, lembrar-se-á que há não muito tempo, um dos factores que levou a que as taxas de juro aplicadas à dívida soberana dos países europeus periféricos em dificuldade continuassem a subir foi precisamente a decisão da União Europeia em criar um Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE) a vigorar a partir de 2013 que iria ter preferência sobre todos os outros credores que detivessem dívida desses países, incluindo credores que emprestaram dinheiro a médio e longo prazo. Como consequência as taxas de juro de todos os títulos da dívida acima de 2 anos dispararam pois houve a percepção nos mercado de que teriam menos garantias de passar imunes a uma reestruturação da dívida caso esta viesse a acontecer.

Hoje, segundo as notícias mais recentes, a União Europeia (mais concretamente o Eurogrupo) emendou a mão e passou a considerar que, fazendo sentido manter-se o princípio da dar um estatuto preferencial à divída adquirida por este mecanismo, este não se deveria aplicar ao países que já têm neste momento um processo de apoio em curso, eliminando assim este factor penalizador  que iriam ajudar a complicar o acesso aos mercados por parte dos países em dificuldades.

Muito bem, mas mais uma vez fica a sensação de que tudo isto poderia ter sido evitado e que, muito dificilmente, os efeitos desta medida terão agora o impacto simétrico de magnitude idêntica ao provocado há semanas atrás quando a decisão era outra. são os caprichos da desconfiança. A confiança perde-se com rapidez, recupera-se com lentidão.

Hoje, esperava-se algo bem mais substancial e estruturante como sinal de que a União Europeia é um espaço solidário, consciente do seu nível de integração e com um plano credível para o futuro. Para já, esta alteração ao MEE foi o que se pôde arranjar. Entretanto, as vozes que advogam que se pondere a saída do Euro por parte de Portugal vão ganhando argumentos e espaço público.

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