No seguimento do artigo anterior sobre depósitos a prazo, eis que temos hoje o INE a divulgar os dados mais recentes para a inflação: em Março a taxa de variação média anual dos preços manteve-se negativa nos 0,8%. Ou seja, se esta taxa se mantiver por 12 meses, no final desse período precisará de úm pouco menos dinheiro para conseguir comprar o mesmo cabaz de compras. O que quer dizer que um depósito a prazo que remunere, líquido de impostos, 1,2% na prática implicará um aumento da remuneração real para o montante investido de 2% (1,2% do juro mais 0,8% da inflação negativa). Note-se que isto só será assim se a sua inflação pessoal for igual ou parecida com a do consumidor médio definido pelo INE, naturalmente.
Entretanto, retomando a nota de imprensa de hoje do INE constata-se que a tendência será para uma subida a prazo da inflação impulsionada em particular pelos produtos energéticos e alimentares não transformados. Ainda assim a taxa de variação homóloga continua historicamente baixa, foi de 0,5% em Março (ainda que em aceleração).
Obviamente, mas nao sao os depositos que o permitem, é a tx de inflação negativa.
Deixar o dinheiro debaixo da cama tambem permite ganhos reais na presença de uma inflação negativa.
Se a taxa de inflação média se lhe aplicar, sim, julgo que é exactamente isso que decorre do artigo. Parece-me claro como se determina a taxa de juro real: taxa de juro do empréstimo mais inflação negativa.
Nos últimos dias tenho lido na imprensa que os juros são baixíssimos que os retornos são fraquíssimos e nesses artigos não tenho visto referência aos valores reais de retorno, considerando, naturalmente, a inflação negativa.
É a velha ilusão monetária. Ter hoje um juro líquido de impostos de 1,2% é o mesmo que ter um juro de 5% com uma inflação de 3%. E não é bem isso que se têm depreendido de alguns artigos na imprensa que tenho lido.