Há muito, muito tempo o INE tentou acompanhar a informação de saídas de portugueses cruzando informação com registos dos potenciais países de chegada. Desconheço que métodos se usam hoje mas desconfio que o processo continue a não ser fácil nem muito fidedigno: é difícil ter uma noção exacta das saídas quando elas não produzem registos (o que sucede quando há movimentos dentro da União Europeia, por exemplo). Mas tal como Álvaro Santos Pereira os números ontem divulgados levam-me a desconfiar, julgo que vem também daí a ressalva que se fez aqui no artigo de ontem, introduzindo a dúvida sobre a condição de país de emigrantes ou de imigrantes:”Estatísticas Demográficas 2009: população praticamente estagnou“.
Álvaro Santos Pereira que tem abordado a nível profissional o tema nos tempos mais recentes é mais duro na sua crítica. Um excerto de “A FICÇÃO DO INE” (ao cuidado do INE):
” (…) Mas esqueçamos por um momento a questão dos métodos de obtenção dos dados e concentremo-nos nos números agora divulgados. Eu sei que sou suspeito, mas será que os números do INE fazem algum sentido? É claro que não. Se fossem reais, o que estes números nos dizem é que em 2009 registámos os menores fluxos de saída de portugueses das últimas décadas. Mais concretamente, desde 1948 que os fluxos de saída dos portugueses não era tão baixo! Isto numa altura que o desemprego já rondava os 9,5% e a crise económica nacional já dura há uma década. Ou seja, estes números são, no mínimo, inverosímeis, para já não dizer ridículos. E se não acreditem em mim, vejam os números apresentados pelo Observatório da Emigração, que é ligado ao governo, e que ainda há pouco tempo falou em saídas anuais de 70 mil portugueses nesta década.
Enfim, só não vê quem quer. E o INE, que faz um trabalho tão meritório e tão importante noutras áreas, infelizmente não quer ver. (…)