Cá por casa os programas de desporto, a animação infantil, alguns documentários informativos e raríssimas séries de TV e telejornais vão permitindo ainda ao aparelho de TV ser utilizado para transmitir emissão televisiva em direto. Mas em doses muito inferiores às de há poucos anos atrás. Não raras vezes o televisor transforma-se em grande monitor do PC, monitor para jogos em família, moldura fotográfica ou pantalha para filmes da colecção caseira. O aparelho de TV prospera, a emissão de TV nem tanto.
A TV e outros meios tradicionais vão perdendo progressivamente o seu poder aglutinador, dispersando-se hoje a atenção das pessoas por inúmeros canias e por inúmeras outras solicitações vindas em muitos casos dessa multiplicidade de conteúdos que é a internet, mas talvez a publicidade, motor dos meios de comunicação, esteja desfasada quando aos volumes de investimentos que atribui a cada canal de comunicação. Progressivamente, é certo, a internet tem ganho peso, mas quem por aqui anda tem ainda a sensação de que muito está ainda por inventar e definir. No entretanto, os meios de comunicação em particular debatem-se com sérios problemas de capitalização do investimento feito: na net, onde anda cada vez mais gente, tudo, ou quase tudo é gratuito. Segue-se então mais um capítulo da curta novela que temos editado com vista a apresentar alguns do procedimentos e opções de contratação de publicidade online que existem já no mercado.
Detenhamo-nos na parte final deste artigo em alguns formatos ditos especiais que vão singrando. Um deles é o pre-roll, um pequeno anúncio de um patrocinador que entecede uma peça de vídeo geralmente da responsabilidade do produtor de conteúdo do sítio. Tal e qual um anúncio de TV e remunerado de forma similar. Esta é uma fórmula ao dispor de quem edita vídeo naturalmente que, hoje, é cada vez mais quase toda a gente que nada pela net.
É habitual, por exemplo, verificar que os media tradicionais têm vindo a tentar criar canais de TV (tantas vezes ainda amorfos e poucos distantes de ter um bloguer a debitar bitaites para uma webcam).
Outro formato tipo é o baseado na skin ou pele do sítio – pode ser a imagem de fundo ou uma espécie de véu que cobre a página ou a antecede em carregamento. Os publicitários divertem-se a inventar nomes para cada um desses novos formatos ao ponto de serem frequentes desentendimentos por desconhecimento do jargão entre anunciantes, intermediários e meios.
Um exemplo desses formatos mais intrusivos é aquele em que por uns segundos (ou até que o utilizar tome alguma medida), leva a que o sítio pareça ter sido tomado de assalto por uma campanha de publicidade. Habitualmente, estes formatos são usados com moderação pois podem tornar-se irritantes, mas costumam ser particularmente bem remunerados.
Outra modalidade é o envio de mensagens de correio electrónico contendo publicidade aos subscritores de um sítio que autorizaram tal difusão, mas o simples envio do e-mail pode não ser garantia de receitas, tudo depende da forma contratada; mais uma vez poderemos estar perante uma lógica de Custo Por Impressão, Por Clique, Por Venda…
Há inúmeras formas adicionais de gerir e faturar com publicidade online (passámos ao lado das keywords, das hotwords, etc), mas aparentememente os volumes de capital e talvez os formatos existentes não permitem ainda a muitos meios gerir uma atividade economicamente viável apenas com base nas receitas da publicidade online o que nos leva para a pergunta inicial com que começamos esta série: e você está disposto a pagar pelos conteúdos que tem disponíveis na internet?
Nos Estados Unidos, começou há alguns anos um projeto de informação que se propôs precisamente a viver centrado na internet, sem recurso a qualquer tipo de publicidade, condição vista como necessária (ainda que não suficiente) para permitir a total imparcialidade e independência. Chama-se Real News Network e tem vivido exclusivamente de donativos dos leitores. Estará a prosperar ou apenas a sobreviver? E por cá seria possível?
Muito em breve teremos algum tipo de convulsão nesta área. É ficar por aqui e estar atento. Até lá é business as usual continuando nós por cá, de leigo para leigo, a trocar impressões sobre diversos assuntos.