Era só uma questão de tempo dirão uns, é apenas um raciocíoio lógico ainda longe de ser suportado pela realidade dirão outros, mas o que é certo é que o tema rebentou hoje, às claras, nos media mundiais sob o pretexto de declarações pouco animadoras oriundas de responsáveis do Banco Central Europeu: a “coisa” pode fraquejar mais do que o esperado.
Até sexta-feira passada a perspectiva mais veiculada era a de podermos estar perante algo raro: a Europa a passar pelos pingos da chuva enquanto do outro lado do Atlântico a recessão fizesse o seu percurso. Hoje, com duas ou três palavras simbólicas tudo mudou e o cenário que faz escola na cabeça de muita gente é bem mais conhecido: ninguém vai ao fundo sozinho.
A reacção dos sempre nervosos mercados financeiros internacionais está aí para que se veja: Euro a desvalorizar face às principais moedas, as bolsas de valores a ameaçarem com quedas que farão parecer moderados os movimentos de descida recentes e o preço do petróleo a cair com a perspectiva de uma potencial recessão generalizada entre os principais países consumidores. Tudo em pouco mais de uma manhã de notícias (não esquecendo o Japão, naturalmente).
Definitivamente, mesmo que face a condições normais, o preço de alguns “bifes” esteja muito barato, ainda não é tempo de investir na bolsa a menos que tenha nervos de aço ou que goste de “hibernar”.
P.S.: Se a eventual recessão não lhe tirar o emprego e tiver um empréstimo bancário indexado à Euribor, nem tudo será mau, a tendência neste cenário será a de uma forte queda da taxa de juro, o que, aliás, já está a acontecer (Euribor a 6 meses, hoje, nos 4,39%).
A questão do impacto das taxas interbancárias no caso de uma recessão parece-me 1 pouco mais complexo.
Explicando melhor. A consagração de uma recessão virá com uma subida da taxa de desemprego e um aumento consequente de incumprimentos no pagamento de dívidas hipotecárias, o que destruirá mais valor ainda em títulos colateralizados devidamente retirados do balanço dos bancos mas intimamente ligado a estes (via veículos). As perdas para os bancos potencialmente serão enormes (probabilidades de falências ou atraso no pagamento). Neste cenário ainda que o ECB baixe a taxa de juro das suas operações de refinanciamento, esta pode não vir a transmitir-se facilmente para o mercado monetário.
Portanto não sei se será evidente que as taxas venham a cair (o que com uma inflação decrescente poderá mesmo significar uma subida de taxas reais para empresas). Vou aguardar com interesse o desenvolvimento das taxas interbancárias nos próximos dias.
O mundo surpreendente mundo da Economia é assim. Vale o que vale mas vejamos como ficou a Euribor neste 1º day after de mais uma big crash.
Estes são não meus surprising anymore, mas agradecimentos.