(Opinião) São 130 páginas contendo proposta e mais propostas de um genuíno experimentalismo científico sobre alterações ao nível da fiscalidade, da despesa do Estado. São vários programas de governo com impacto potencial para condicionar várias legislaturas e gerações. Em alguns casos propõe-se reformar o que, sob sugestão da troika, foi reformado há pouco tempo.
O fim para as reformas é a criatividade humana, assim como vão sendo os argumentos tantas vezes construídos pela própria austeridade. Quem se recorda da crise financeira? Estamos agora em plena crise do Estado Social, a única que verdadeiramente existe e existiu, um estado social eivado de culpa, odiosa falha de caráter com décadas de cultivo se não centenas, a avaliar pela argumentação mais pop da nova igreja dos relatórios.
A economia (para os mais incautos que creem ser isto o que resta da economia) está ao nível da medicina de há trezentos anos: a doença e sofrimento resolve-se sangrando o doente, numa dor redentora e persistente até à purificação final.
O texto está em inglês – a língua oficial da austeridade – e pode ser consultado aqui: “STAFF REPORT FOR THE 2012 ARTICLE IV CONSULTATION“.
Os jornais especializados têm vindo a traduzir nas últimas horas, em pequenas postas, o que lá se pode ler. Para nós são relatórios a mais do FMI em menos de uma semana. Contudo, pode dar uma boa leitura de fim-de-semana. Seguramente voltaremos ao tema, ou pelo menos, a partes do tema mais que não seja porque de algumas senão todas se farão leis da república. Até um dia.