A despesa corrente em saúde (que soma despesa pública e privada) fixou-se em 2024 nos 10,24% do PIB nacional, um valor que compara com os 10,03% de 2023 mas também com os 10,13% de 2009.
Talvez surpreenda alguns leitores o facto de, apesar de o envelhecimento populacional ser incontestável e de colocar Portugal entre os países mais envelhecidos do mundo, o peso da despesa total em saúde no conjunto da riqueza gerada no país em cada ano (medido pelo PIB) ter tido uma tendência claramente descendente entre 2009 (10,13%) e 2019 (9,51%). Essa tendência regressou no pós- COVID entre 2021 e 2023 sendo interrompida em 2024.
De facto, apenas com o COVID a despesa corrente em saúde passou a reclamar uma fatia superior do PIB atingindo o pico em 2021 com 11,12%.
Depois desse ano, a despesa corrente em saúde voltou a crescer muito mais lentamente do que o crescimento do PIB voltando a perder peso como despesa. Em 2022 desceu para 10,47% e em 2023 desceu para 10,0% registando agora, em 2024, uma ligeira subida para 10,2%.
Esta análise cruza os dados mais recentes do INE da conta satélite da saúde com as séries cronológicas, também do INE, mas divulgadas pela Pordata.
Os dados mais recentes do Banco Mundial, que recolhe informação de todos os países, são para 2022. Nesse ano em que a despesa corrente em saúde atingiu os 10,47% do PIB em Portugal, a nível global atingiu, em média, os 9,89%. Sendo Portugal um país do grupo de mais desenvolvidos e dos mais envelhecidos, este peso da despesa em saúde praticamente em linha com a média mundial não deixa de ser significativo e talvez surpreendentemente reduzido.
Na prática, em 2024, de cada €100 de riqueza gerada em Portugal em 2024, €10,4 foram gastos em saúde. Destes €10,4, houve €6,6 de despesa em saúde assumida pelo Estado e €3,6 assumida por privados.
Se nos concentrarmos apenas na despesa pública e na União Europeia, em 2023, último ano com dados disponíveis, constata-se que havia 12 países com despesa publica em saúde igual ou superior a Portugal em termos de peso no PIB e 14 com um peso menor.
Para um dos países mais envelhecidos da UE (juntamente com a Itália), Portugal encontra-se a meio da tabela em termos de peso da despesa pública no PIB.
