Em termos reais, o PIB português cresceu, descontado o efeito dos preços, 4,9% em 2021.
Este valo compara com uma queda de 8,4% em 2020. Ou seja, à queda mais significativa de que há registo, sucedeu-se o crescimento mais expressivo.
PIB próximo do nível de 2019
Este ritmo de crescimento não foi ainda suficiente para contrabalançar toda a queda ocorrida em 2020, contudo, o PIB terminou o ano a acelerar o ritmo de crescimento passando de 4,4% no 3º trimestre para 5,8% no 4º trimestre. O PIB terá que aumentar, em termos reais, cerca de 4,1% em 2022 para recuperar integralmente o valor de 2019.
Em termos nominais, ou seja, não descontando aquilo que o INE considera ter sido efeito do aumento dos preços, o PIB cresceu 5,7% em 2021, depois de ter caído 6,7% em 2020. Neste caso, o PIB terá que crescer, em termos nominais, 1,38% para recuperar o nível de 2019.
Recorde-se que com o este crestimento nominal do PIB o peso da dúvida pública cai muito singificativamente para 127,5% do PIB em 2021 (135,2%em 2020).
O PIB português fechou o ano de 2021 nos €211 461 milhões.
Segundo o INE, a evolução do PIB em 2021 pode descrever-se muito sumariamente da seguinte forma:
In INE
“A procura interna apresentou um contributo positivo expressivo para a variação do PIB, após ter sido significativamente negativo em 2020, verificando-se uma recuperação do consumo privado e do Investimento.
O contributo da procura externa líquida foi bastante menos negativo em 2021, tendo-se registado crescimentos significativos das importações e das exportações de bens e de serviços.”
Como correrá 2022?
O grau de incerteza na evolução da atividade económica aumentou novamente com o deflagar do conflito provocado pela invasão da Ucrânia pela Rússia. Este conflito veio colocar algumas segmentos da economia já de si em situação de elevado stress numa situação ainda mais crítica, como sucede com o mercado energético global.
A Rússia, em virtude das sanções económicas implementadas e que poderão ainda vir a agravar-se poderá vir a ser retirada da equação mundial em termos de fornecimento de energia (petróleo e gás), pelo menos parcialmente e/ou progressivamente.
Por enquanto, substituir o consumo de gás e petróleo russo, é ainda um enorme desafio que irá colocar maior pressão sobre os preços destes ativos, induzindo tensões inflacionistas.
A guerra na Ucrânia poderá também ter alterado o que se antecipava vir a ser uma política mais ou menos acelerada de eliminação da política monetário expansionista que se antecipava como medida de combate a inflação.
A realidade económica nos Estados Unidos da América não é exatamente idêntica ao que ocorre na União Europeia (subidas de salários muito modestas na União Europeia e taxa de participação da população ativa na atividade económica muito mais elevada na Europa) pelo que, é natural, que haja diferenças importantes na definição de política monetária.
Será ainda muito importante perceber como evoluirão as regras orçamentais a aplicar no espçao europeu neste novo cenário em que a Alemanha epor arrasto outros países, irão reforçar o seu investimento militar permanente de modo a ficarem menos dependentes dos Estados Unidos da América e a juntar ao poder económico, o poder dissuasor militar que muitos membros se recusaram constituir durante décadas.
Em suma, o cenário provável não será propriamente o de uma recuperação económica fulgurante no pós-pandemia mas é ainda extremamente incerto antecipar se vamos ter um período de estagflação (estagnação com inflação), uma recessão mais clássica ou uma recuperação económica que superará os riscos.
A estagflação parece ser o mais provável ao dia de hoje, no início de março de 2022.