O primeiro mês de 2022 trouxe nova aceleração da inflação que, em termos médios anuais, subiu duas décimas passando de 1,3% para 1,5%. Este valor subiu ao incorporar a variação homóloga de 3,3% registada em janeiro (que compara com 2,7% registado em dezembro).
A tendência de evolução da inflação será, nos próximos meses, de convergência para um ponto mais elevado, podendo aproximar-se rapidamente dos 2% e, depois disso, um pouco mais lentamente dos 3%. Tudo dependerá do ritmo de crescimento mensal dos preços.
Para já, continua a ser muito expressiva a diferença entre as várias classes de despesa de consumo final. Apesar de também estar a acelerar, se retirarmos da equação os combustíveis e os produtos alimentares não transformados e observarmos a evolução do indicador que também se chama inflação subjacente, constata-se que está cresceu 2,5% em janeiro, 8 décimas abaixo da inflação global, revelando que os produtos energéticos e/ou os produtos alimentares não transformados estão a aumentar de preços muito mais rapidamente.
E, na realidade, o INE revela que a taxa de variação homóloga do índice relativo aos produtos energéticos se situe em 12,0% (11,2% no mês precedente) enquanto o índice referente aos produtos alimentares não transformados terá apresentado uma variação de 3,4% (3,2% em dezembro).
Ou seja, são essencialmente os produtos energéticos que estão a condicionar em forte alta a evolução do índice de preços no consumidor e, com isso, a justificar boa parte da inflação. Ainda assim, à medida que esta subida dos produtos energéticos vai perdurando, o seu efeito vai-se fazendo sentir em outras classes de despesa que incorporam o seu consumo bem como outras onde o efeito poderá ser mais indireto, colocando em dúvida se este fenómeno de subida generalizada de preços será temporário ou duradouro.
Se crescer a convicção de que estaremos perante o segundo caso, é natural que comecem a surgir mudanças na política momentária dos bancos centrais, o que se poderá refletir de várias formas na vida das pessoas.