Em abril de 2017 o indicador de confiança dos consumidores atingiu o seu valor mais elevado desde meados do ano de 1997, um máximo histórico de quase 20 anos, tendo ficado muito próximo de ser o valor mais elevado da série iniciada precisamente nesse ano pelo INE.
O indicador de clima, por outro lado, que é um indicador de síntese que agrega a informação dos indicadores de confiança mensais de vários setores de atividade (indústria transformadora, comércio a retalho e por grosso, construção e obras públicas e serviços) registou nesse mês o menos valor desde 2002, batendo um recorde com quase 15 anos.
Estes indicadores são apurados com algum alisamento, ou seja, resultam das médias móveis das últimas três observações mensais dos referidos inquéritos de conjuntura às empresas e consumidores (inquérito qualitativos) e são ainda sujeito a um tratamento estatísticos que corrige para alguma situação de comportamento sazonal, de modo a que sejam especialmente competentes em captar o essencial para uma análise conjuntura. Considerando os dados não alisados, as indicações específicas do mês de abril indiciam que este foi o melhor mês do trimestre pelo que é razoável esperar que a situação continue a melhorar nos meses mais próximos, ou quanto muito a estabilizar num patamar historicamente elevado.
No gráfico que se segue consideramos os indicadores usados pelo INE (médias móveis com dessazonalização) e procurámos harmonizá-los na representação gráfica (uma forma grosseira de normalização ao representarmos um na escala da direita e outro na escala da esquerda).
Do gráfico resulta que o comportamento em termos cíclicos é muito parecido nos vários momentos ao longo dos últimos 20 anos. Foram raras e de curta duração as situações de divergência em que os indicadores evoluíram em direções opostas. Por outro lado, a variabilidade também foi muito parecida. Na realidade até 2014 as séries são praticamente idênticas, diferindo nos seus valores médios que resultam de construções mais do que no comportamento que captam. Consumidores e empresas surgem completamente alinhados e fortemente correlacionados. Desde meados de 2014 em diante nada de muito substancial mudou, o perfil é similar mas a magnitude dos ganhos de confianças tem sido superior entre os consumidores encontrando-se estes, em relação à história, num ponto relativamente mais confiante do que os empresários. De facto, as acelerações de confiança de 2014 e na segunda metade de 2016 e 2017 foram mais intensas entre os consumidores, mas é também significativo que os empresários estão a seguir, ainda que de forma mais moderada, essa perspetiva mais otimista.
No fundo, a diferença surge traduzida num máximo histórico de 20 anos para os consumidores e num máximo histórico de “apenas” 15 anos para os empresários.
A mensagem fundamental é clara: estamos a atravessar um período de aceleração da atividade económica com uma extensão e magnitude que já não era vista há bastante tempo.
Pode encontrar os dados de base que utilizámos, gratuitamente, no sítio do INE.