O INE registou uma aceleração do índice de preços no consumidor em abril de 2017 que não foi explicada pelo aumento do preço dos combustíveis, pelo menos, não totalmente. A taxa de variação homóloga do índice que permite apurar a inflação aumentou 2,0% em abril, quanto em março havia sido de 1,4%.
Este aumento registado em abril levou a variação média anual dos últimos 12 meses – a taxa de inflação – para os 0,9% (aumentando uma décima face a março). Note-se que serão precisos ainda largos meses a registar variações homólogas desta magnitude para que a taxa de inflação se aproxima claramente dos 2%.
Que classes de despesa estão a provocar este aumento dos preços?
Segundo o INE a restauração e hotelaria, em primeira linha, e também os transportes, estão na raiz desta subida mais expressiva dos preços. O INE destaca, contudo, que esta realidade está relacionado com um efeito de calendário, “refletindo sobretudo o efeito associado ao feriado móvel da Páscoa, que ocorreu em abril enquanto no ano anterior ocorreu em março.”
Esta mini época alta na atividade da restauração e hotelaria que surge desfasada entre 2016 e 2017 terá assim contribuindo para um desaceleração em março (de 1,6% em fevereiro para 1,4% em março) e para uma aceleração em abril (de 1,4% em março para os já referidos 2,0%). Ainda assim, é evidente que a tendência dos últimos meses é para que a taxa de inflação prossiga aumentando moderadamente. A Comissão Europeia a 10 de maio de 2017 atualizou a sua previsão para a taxa de inflação em 2017 para 1,4% (1,5% em 2018). Já o Banco de Portugal, recentemente antecipou preços mais elevados, como pode recordar aqui: Previsões Económicas para 2017, 2018 e 2019
Terminamos com um excerto do destaque do INE cuja leitura oferecerá mais detalhes:
O indicador de inflação subjacente (IPC excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) apresentou uma variação homóloga de 1,7%, taxa superior em 1,1 p.p. à do mês anterior.
O agregado relativo aos produtos alimentares não transformados registou uma variação homóloga de 2,8% em abril (4,2% em março), enquanto o índice referente aos produtos energéticos apresentou uma taxa de variação de 3,5% (4,7% no mês anterior).
Por classes de despesa, são de destacar os aumentos das taxas de variação homóloga das classes dos Restaurantes e Hotéis (classe 11), do Lazer, Recreação e Cultura (classe 9) e dos Transportes (classe 7), com variações de 5,7%, 2,7% e 4,6%, respetivamente (2,0%, 1,0% e 3,1% no mês anterior).
Em sentido oposto, assinalam-se as diminuições das taxas de variação homóloga das classes dos Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas (classe 1) e das Bebidas alcoólicas e tabaco (classe 2), com variações de 2,0% e 3,3%, respetivamente (2,7% e 3,7% no mês anterior).
Falta mencionar o aumento das rendas de casa bem como o desaparecimento quase total de casas para alugar em virtude do nefasto arrendamento local e/ou turístico.