Indicador de Clima Económico Julho 2016

Clima económico em máximo de 10 meses

Os Inquéritos de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores relativos ao mês de julho divulgados pelo INE a 28 de julho de 2016 revelam uma dos principais indicadores económicos referentes ao terceiro trimestre de 2016 e merecem uma leitura detalhada. O destaque mais significativo vai para o comércio que está com níveis de confiança em máximos de 16 anos. Mas também a construção dá sinais nunca vistos, pela positiva, desde 2009.

Sumariamente temos que o indicador de clima económico (que sintetiza as opiniões dos empresários dos quatro principais setores de atividade) está a melhorar e que os consumidores estão menos confiantes ainda que tendo opiniões muito diferentes quando se expressam sobre a situação do seus próprio agregado e sobre a situação que antecipam para o país.

 

Clima económico em máximo de 10 meses

Julho de 2016 revela o melhor valor para o indicador de clima económico em 10 meses.  Desde setembro de 2015 que não se registava um maior nível de confiança dos empresários nacionais.

Para este registo contribuíram, em especial, as melhores perspetivas assinaladas pelos empresários da Indústria Transformadora, do Comércio e da Construção. Apenas entre os empresários dos serviços houve menor índice de confiança do que em junho de 2016.

Indicador de Clima Económico Julho 2016
Indicador de Clima Económico Julho 2016;
Fonte: INE

 

Indústria Tranformadora:

Segundo o INE:

O indicador de confiança da Indústria Transformadora aumentou nos últimos dois meses, de forma ténue em julho, interrompendo o perfil negativo observado desde agosto de 2015. No mês de referência, o comportamento do indicador resultou da recuperação das opiniões sobre a procura global, uma vez que os saldos das apreciações sobre a evolução dos stocks de produtos acabados e das perspetivas de produção contribuíram negativamente. Não considerando médias móveis de três meses, o indicador de confiança diminuiu ligeiramente em julho.

 

Construção:

Segundo o INE:

O indicador de confiança da Construção e Obras Públicas aumentou em julho, retomando a tendência crescente iniciada em dezembro de 2012 e atingindo o máximo desde o final de 2009. A recuperação do indicador refletiu o contributo positivo do saldo das opiniões sobre a carteira de encomendas, uma vez que as perspetivas de emprego registaram um ténue contributo negativo.

Quanto à Construção regista-se este fenómeno estranhíssimo de estar a recuperar para os melhores níveis de confiança em sete anos quando face a inquéritos que questionam dados quantitativos reais e não opiniões, as indicações serem de uma depressão persistente e duradoura. Qual das informações serão mais fidedigna ou prestada de forma honesta? Como fazer a quadratura deste círculo?

 

Comércio:

Clima económico em máximo de 10 meses
Clima económico em máximo de 10 meses com comércio ao melhor nível em 16 anos.
Fonte do gráfico: INE

Segundo o INE:

O indicador de confiança do Comércio aumentou em julho, pelo quarto mês consecutivo, acentuando o perfil ascendente iniciado em abril e atingindo o máximo da série desde novembro de 2000. Nos últimos quatro meses, registou-se uma evolução positiva de todas as componentes do indicador, apreciações sobre o volume de vendas, perspetivas de atividade e opiniões sobre o volume de stocks.

Merece sublinhado: há 16 anos que não se registava um nível de confiança tão elevado no comércio.

 

Serviços:

Indicações mistas com o balanço médio do último trimestre a divergir da evolução do mês mais recente. Eis um excerto do que diz o INE:

O indicador de confiança dos Serviços diminuiu entre maio e julho, de forma mais intensa no último mês. Em julho, o comportamento do indicador resultou do contributo negativo das apreciações sobre a evolução da carteira de encomendas e das opiniões sobre a atividade da empresa, mais significativo no primeiro caso, uma vez que as perspetivas sobre a evolução da procura contribuíram positivamente. Não considerando médias móveis de três meses, o indicador de confiança aumentou em julho, devido ao expressivo contributo positivo das expectativas de evolução da procura.

 

Consumidores mais confiantes na sua situação financeira

No conjunto das quatro variáveis que constituem o indicador de confiança dos consumidores houve duas que registaram uma deterioração e outras duas que registaram uma melhoria. Pela negativa temos as expectativas quanto a evolução da situação económica do país e do desemprego, pela positiva a expectativa de evolução da situação económica nos próximos 12 meses do agregado familiar  de quem responde e a expectativas, igualmente para os próximos 12 meses, quanto à capacidade de ser possível poupar/pôr algum dinheiro de lado. Em suma, a expectativa para o país não está melhor mas para as famílias sim.

Note-se que isto que aqui dissemos teve por base os valores divulgados pelo INE de forma alisada, ou seja, valores que resultam da média das respostas a este inquérito nos último três meses. Se considerarmos apenas a última resposta obtida em julho, a situação é um pouco mais consistente.

Nesse caso temos o indicador de confiança a melhorar face a junho com a expectativa para o próximo ano relativa à situação financeira do agregado familiar a registar o melhor valor desde janeiro do corrente ano. Por outro lado, as expectativas quanto à evolução do desemprego são, neste caso mais animadoras do que em junho e a oportunidade de realizar poupança nos próximos 12 meses está no melhor nível desde janeiro de 2016.

A única das quatro variáveis em que os consumidores estão mais pessimistas do que em junho é a relativa à evolução da situação económica do país, no pior registo desde fevereiro de 2016. Será esta posição condicionada face à incerteza associada à saída de um dos nosso maiores parceiros da União Europeia (Brexit)? Podemos apenas especular.

 

Mais informação:

Pode ler o destaque completo do INE e continuar a acompanhar aqui as nossas análises sobre o tema dos Indicadores de Confiança.

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