O saldo da balança comercial melhora em €346 milhões face ao segundo trimestre de 2015, atendendo aos dados mais recentes das Estatísticas do Comércio Internacional relativos aos meses de abril a junho de 2016, divulgados pelo INE.
Balança Comercial melhora em €346 milhões
O saldo da balança comercial de bens no segundo trimestre de 2016 foi negativo em €2.595 milhões quando no mesmo período igualmente negativo mas de €2.942 milhões. Como consequência a taxa de cobertura das importações pelas exportações aumentou de 81,6% para 83,2%. Aliás, a taxa de cobertura melhorou tanto no comércio intracomunitário, como extracomunitário e também no cenário com e sem combustíveis.
Para esta melhoria homóloga no trimestre, contribuí de forma decisiva a evolução do comércio para a União Europeia cujo défice melhorou em €264 milhões, potenciado em especial pelo crescimento de 3% nas exportações e pela estagnação das importações.
O comércio extracomunitário acabou por também contribuir para esta melhoria global dado que o défice também caiu em termos homólogos, mas de forma mais modesta: €82 milhões. Neste caso tanto as exportações como as importações registaram uma forte queda face ao segundo trimestre de 2015. A melhoria do saldo deveu-se a uma queda ligeiramente mais intensa das importações.
Excluindo o efeito dos combustíveis e lubrificantes, que já há vários anos têm contribuído para um melhor equilíbrio da balança comercial de bens, em termos homólogos, verifica-se que o saldo da balança comercial se teria degradado em €318 milhões.
Contudo, convém recordar que no primeiro trimestre de 2016, ao se excluírem os combustíveis e lubrificantes, o saldo se deteriorava no dobro do valor agora registado, mais concretamente em €640 milhões.
Isto indicia, mais uma vez, que há um maior equilíbrio entre exportações e importações sem combustíveis e lubrificantes no segundo trimestre de 2016, face ao que sucedia no primeiro trimestre. Um facto particularmente significativo quando é expectável que o comércio de combustíveis e lubrificantes seja mais volátil e reativo a oscilações de preços e taxas de câmbio do que o da generalidade dos restantes bens.
Estamos com isto a querer indiciar (e especular) que, após deflação dos valores nominais (exercício que o INE só fará para o cálculo do PIB) é possível que esta queda do défice se mantenha em alguma medida como importante também em termos reais. Algo que só poderemos esclarecer com mais dados oficiais do INE a divulgar nas Constas Nacionais Trimestrais.
Uma última nota para os dados específicos do mês de junho que estando, necessariamente incluídos no conjunto do segundo trimestre, revelam uma degradação homóloga quando comparado estritamente com junho de 2015. Como o INE sublinha:
Em junho de 2016, as exportações de bens diminuíram 2,0% e as importações de bens decresceram 0,4% face ao mesmo mês de 2015 (-1,1% e -3,8% em maio de 2016, respetivamente). Excluindo os Combustíveis e lubrificantes, as exportações aumentaram 0,5% e as importações cresceram 3,6% (respetivamente +1,8% e +6,6% em maio de 2016). O défice da balança comercial de bens aumentou 68 milhões de euros em junho de 2016 face ao mesmo mês de 2015 e o défice da balança comercial excluindo os Combustíveis e lubrificantes aumentou 151 milhões de euros.
Esta evolução em junho é claramente distinta da registado no acumulado do trimestre em que “as exportações de bens decresceram 1,9% e as importações de bens diminuíram 3,7% face ao período homólogo.”
Os próximos meses dirão se estes valores de junho foram atípicos ou se indiciam um novo perfil da evolução do comércio internacional português.