O Observatório da Emigração, em mais uma obra monumental pela extensão e qualidade, elege como chamariz a pergunta “Qual o país da UE com mais emigrantes em proporção da população residente?” dado de pronto a resposta: Portugal.
Em cerca de 320 páginas o Relatório Estatístico de 2015 do Observatório da Emigração (feito com decisivo apoio científico do ISCTE e contratado pelo Estado português) analisa os mais variados aspetos da emigração portuguesa e o seu impacto económico, social e demográfico. nesta edição avançou-se para uma comparação mais detalhada entre os dois últimos recenseamentos gerais da população conhecidos: 2001 e 2011. O último ano de dados conhecidos é também sujeito a análise detalhada.
Eis de seguida alguns destaques da última edição apresentados em nota à comunicação social (sublinhados nossos).
” Portugal é hoje o país da União Europeia com mais emigrantes em proporção da população residente. O número de emigrantes portugueses supera os dois milhões, o que significa que mais de 20% dos portugueses vive fora do país em que nasceu.
· Entre 2010 e 2013, o número de saídas de Portugal cresceu mais de 50%. Entre 2013 e 2014, a emigração estabilizou em torno das 110 mil pessoas por ano. É preciso recuar a 1973 para se encontrar valores para a emigração desta ordem de grandeza.
· O Reino Unido é hoje o país para onde emigram mais portugueses: 30 mil em 2013, 31 mil em 2014. Seguem-se, como principais destinos dos fluxos, a Suíça (20 mil em 2013), a França (18 mil em 2012) e a Alemanha (10 mil em 2014). Fora da Europa, os principais países de destino da emigração portuguesa integram o espaço da CPLP: Angola (5 mil em 2014, 6.º país de destino), Moçambique (4 mil em 2013, 9.º país de destino) e Brasil (2 mil em 2014, 11.º país de destino).
· A França continua a ser o país do mundo onde vivem mais emigrantes portugueses (592,281 em 2011), mesmo não sendo aquele para onde hoje se dirigem mais emigrantes portugueses. A Suíça surge em segundo lugar, com mais de 210 mil emigrantes portugueses (211,451 em 2013). Ainda com mais de 100 mil emigrantes portugueses residentes encontramos, por ordem decrescente, os EUA (177 mil em 2014), Canadá (140 mil em 2011), Brasil (138 mil em 2010), Espanha (117 mil em 2014), Alemanha (107 mil em 2014) e Reino Unido (107 mil em 2013).
· Na emigração portuguesa predominam os indivíduos em idade ativa mas existe uma tendência geral para o envelhecimento. O grupo etário dos emigrantes com mais de 64 anos passou de 9% para 16% entre 2001 e 2011, no conjunto dos países da OCDE, graças sobretudo ao contributo do grande envelhecimento observado nos países de destino americanos, para onde diminui muito a intensidade dos fluxos de entrada de novos portugueses. No Canadá, aquela percentagem atingiu os 28% em 2011, valor que contrasta com o de 7% observado no Reino Unido, no mesmo ano.
· Predominam também, entre os portugueses emigrados, os indivíduos com baixas e muito baixas qualificações, embora se observe um crescimento da proporção dos mais qualificados. A percentagem dos portugueses emigrados com formação superior a residir nos países da OCDE praticamente duplicou, passando de 6% para 11%, entre 2001 e 2011. No Reino Unido, a percentagem dos emigrantes com mais de 15 anos que dispunham de um diploma do ensino superior era, em 2011, de 38%. No polo oposto, os emigrantes portugueses a residir em Espanha e no Luxemburgo com, no máximo, o ensino básico, representavam, respetivamente, 74% e 73% dos emigrantes portugueses residentes naqueles países com mais de 15 anos, em 2011.
· A evolução das remessas dos emigrantes acompanhou, embora com menor intensidade, a evolução da emigração. Em 2014, o valor das remessas de emigrantes recebidas em Portugal foi ligeiramente superior a três mil milhões de euros (3,057,277,000), valor que representou cerca de 1.8% do PIB daquele ano. Os dois países onde residem mais portugueses, França e Suíça, foram também os países de origem de mais de metade das remessas recebidas em Portugal em 2014 (29% e 26%, respetivamente). O terceiro país foi Angola, de onde vieram 8% das remessas recebidas.”