A estimativa preliminar do INE relativa ao PIB do segundo trimestre de 2015 revela que o crescimento da economia portuguesa de manteve estável nos 1,5%, valor já registado no primeiro trimestre do ano. Tal como então, este valor fica acima do crescimento médio da Zona Euro (cujo crescimento passou de 1,0% para 1,2%) ainda que ligeiramente abaixo da média da União Europeia (passou de 1,5% para 1,6%).
No segundo trimestre, das 22 economias da União Europeia que já divulgaram o PIB trimestral, houve 13 que registaram crescimento superior ao português e 8 com crescimento inferior, sendo a Finlândia o único país em recessão (a Grécia cresceu 1,4%). Como é possível que Portugal, a 14ª economia em termos de ritmo de crescimento em 22 países tenha um crescimento acima da média? Tal deve-se ao facto de algumas grandes economias estarem a registar um crescimento fraco. A Itália cresceu apenas 0,5% e a França 1,0%. A própria Alemanha apesar de ter recuperado um pouco, não foi além dos 1,6%.
Segundo o INE, foi a variação de existências em armazém (que incluem, por exemplo, reservas de petróleo para refinação ou combustíveis refinados, componentes para produção de cimento, automóveis por vender, etc) que mais contribuiu para a manutenção do crescimento no patamar dos 1,5%. O consumo privado também desempenhou algum papel ainda que menos preponderante que no passado. Por outro lado, a aceleração das importações a um ritmo superior ao das exportações contribui negativamente para a evolução do PIB.
Note-se que a economia portuguesa estará a beneficiar do grande e algo inesperado dinamismo da economia espanhola cujo crescimento acelerou do primeiro para o segundo trimestre de 2,7% para 3,1%. Apesar da forte e crescente interligação económica entre os dois países (a Espanha é o nosso maior importador e exportador) haverá fatores que estão a impedir que o alinhamento entre a duas economias seja mais expressivo em termos de resultados globais. O maior desinvestimento registado na economia portuguesa desde a crise de 2008 poderá estar a desempenhar um papel crítico para esta realidade.
Concluída a primeira metade do ano, nota-se que a economia portuguesa está a crescer abaixo do projetado para o ano de 2015 pelas principais instituições. O FMI, Comissão Europeia e o Conselho de Finanças Públicas haviam projetado um crescimento de 1,6%. Enquanto o Banco de Portugal foi um pouco mais otimista esperando 1,7%. O governo que em outubro de 2014 havia projetado um crescimento de 1,5% tomou por boa uma revisão em alta para 1,6% aquando da apresentação do Documento de Estratégia Orçamental em abril de 2015.
Em termos prospetivos, os indicadores económicos internacionais já disponíveis apontam para que o terceiro trimestre esteja a ser menos favorável, não se antecipando que o crescimento económico se mantenha ao nível do segundo trimestre nas principais economias europeias.
Esta primeira estimativa do INE incorpora 80% da informação relevante e será actualizada com mais dados a 31 de agosto.