O PIB português cresceu 1,4% no terceiro trimestre de 2015 quando comparado com o mesmo trimestre de 2014. Recorde-se que nos primeiros trimestres de 2015 o PIB havia crescido 1,6% em termos homólogos. Face ao segundo trimestre de 2015 (variação em cadeia) registou-se uma estagnação tendo o PIB registado uma taxa de variação nula (havia sido de +0,5% entre o primeiro e o segundo trimestre). Saliente-se que por convenção internacional duas variações em cadeia negativas sinalizam uma recessão económica.
A meta para o crescimento anual do PIB em 2015 definida pelo governo no Documento de Estratégia Orçamental enviado a Bruxelas foi de 1,6%, um objetivo que, para se cumprir exigiria uma aceleração do crescimento económico no quarto trimestre, algo que pelos indicadores avançados e já conhecidos não se adivinha. Mais distante ainda fica a previsão da Comissão Europeia divulgada já no decurso do corrente mês e que aponta para um crescimento de 1,7%, valor esse que representou uma revisão em alta face aos valores de antecipados na primavera.
Mas porque desacelerou o PIB em termos homólogos e estagnou em cadeia?
O INE não avança muitos detalhes nesta estimativa rápida mas ainda assim sublinha o seguinte:
“(…) O contributo positivo da procura interna diminuiu no 3º trimestre, refletindo a desaceleração do Investimento e, em menor grau, do consumo privado. A procura externa líquida registou um contributo negativo para a variação homóloga do PIB, porém de magnitude inferior à observada no 2º trimestre. É ainda de salientar que esta estimativa rápida tem implícito um ganho de termos de troca superior ao verificado no trimestre anterior, com o deflator das importações a registar uma redução significativa, em resultado nomeadamente da diminuição dos preços dos bens energéticos.
Comparativamente com o 2º trimestre, o PIB registou uma taxa de variação nula em termos reais (0,5% no 2º trimestre). O contributo da procura interna foi negativo devido principalmente à redução do Investimento, enquanto a procura externa líquida contribuiu positivamente, tendo as Importações de Bens e Serviços diminuído de forma mais intensa que as Exportações de Bens e Serviços. (…)”
Estes dados de Portugal comparam mal com os dados agregados para a União Europeia (variação homóloga de 1,9%) e da Zona Euro (variação homóloga de 1,6%). A evolução face ao segundo trimestre também não é famosa com a estagnação em Portugal a comparar com um crescimento de 0,4% e de 0,3% na União Europeia e na Zona Euro, respetivamente.
Mas a comparação mais importante talvez seja com o nosso principal parceiro comercial: a Espanha acelerou o seu ritmo de crescimento face a igual período do ano anterior, tendo passado de 3,1% no segundo trimestre para 3,4% no terceiro. A economia espanhola está assim a crescer um ritmo que é quase 2,5 vezes o da economia portuguesa, uma comparação que não melhora para comparações entre trimestres consecutivos dado que a economia espanhola registou um crescimento de 0,8%, mais do dobro face ao registado na Zona Euro.