Apesar de no conjunto do trimestre terminado em abril as exportações ainda registarem um crescimento marginalmente superior ao das importações (+8,2% contra +7,4%, respetivamente), os dados específicos do mês de abril revelam que a situação de quase equilíbrio no crescimento de exportações e importações registado em março evoluiu no sentido de um agravamento significativo do défice da balança comercial. De facto, o ritmo de crescimento das importações face a igual mês de 2014 passou de 10,6% em março para 16,0% em abril enquanto que as exportações desaceleraram ligeiramente passando de 11,1% para 9,7%.
Estes dados são particularmente preocupantes porque as exportações em abril ainda beneficiam de um forte impulso atípico que resulta de há um ano a refinaria de Sines ter estado encerrada. A simples laboração da refinaria em março e abril de 2015 do maior exportador nacional impulsiona as exportações. O INE fez as contas excluindo produtos energéticos quer das exportações, quer das importações e apurou que sem ele as exportações estão a crescer 5,5% menos de metade do ritmo de crescimento das importações: 13,2%.
Outro sinal que acrescente à preocupação sobre a saúde da economia nacional advém de as principais importações não revelarem propriamente ligações com o apetrechamento das nossas empresas em termos de reforço da capacidade produtiva. De facto, por exemplo ao nível do comércio intracomunitário que representam pouco mais de 2/3 do total, as importações mais significativas foram em Químicos (sobretudo Medicamentos) e Veículos e outro material de transporte (nomeadamente Automóveis de passageiros. Podemos estar a ganhar em eficiência energética ao substituir um parque automóvel envelhecido por outro mais moderno mas parece pouco promissor quanto à capacidade de estas importações virem a induzir mais exportações no curto e médio prazo.
As exportações apresentam de facto algum dinamismo em vários setores neste cenário de baixas taxas de juro, embaratecimento dos produtos via descida do câmbio do euro e via redução dos custos de produção (custo do trabalho e dos transportes) mas o ritmo a que se está a aumentar a colocação de produtos no exterior é uma fração do aumento das importações induzindo um forte desequilíbrio na balança comercial, para já no mês de abril mas, a manter-se a tendência recente provavelmente já notório também no trimestre a terminar em maio.
Uma das explicações parcelares para este comportamento das exportações encontra-se na queda das remessas de bens para Angola, um país afetado pelo embaratecimento acentuado do petróleo. O INE analisa com detalhe essa situação com uma nota especial que inclui na sua informação sobre as Estatísticas do Comércio Internacional. Contudo, apesar do impacto sobre as exportações, o comércio com Angola no primeiro trimestre de 2015 produziu um saldo comercial claramente favorável a Portugal, significativamente melhor do que o registado no primeiro trimestre de 2014, pelo que no conjunto, Angola está a contribuir para uma balança comercial de bens mais equilibrada não servindo de explicação para o desequilíbrio acentuado registado, por exemplo em abril de 2015.