Das 100 páginas do Boletim Económico de maio de 2015 do Banco de Portugal retemos uma caixa e alguma análise que se prende com a forma como se está a reduzir o endividamento das empresas a operar em Portugal e a falência das empresas.
Analisando e compilando os números o Banco de Portugal destaca várias conclusões. Uma delas é que o fundamental da redução do endividamento do setor empresarial (a desalavancagem) se tem devido às falências de empresas (em especial dos setores da construção e de atividades imobiliárias) e à progressiva remoção dos créditos mal parados dos balanços das sociedades financeiras. Ou seja, a dívida tem vindo a desaparecer, não porque esteja no essencial a ser paga, mas porque é eliminada dos balanços via falências. Uma evolução que tem aliás sido crescente nos últimos anos segundo indica o Banco de Portugal. Entre as empresas que se têm mantido no mercado, o contributo terá sido de reforçar o endividamento em 2011 e 2012, tendo em 2013 contribuído, finalmente, para um redução do endividamento.
Detalhando este último grupo de empresas pelas respetiva dimensão, verifica-se que as grandes empresas não estão a contribuir para a desalavancagem (pelo menos até 2013) tendo sido as micro, pequenas e médias empresas que mais cedo começaram a tentar reduzir as respetivas dívidas. Note-se que entre as grandes empresas, a devolução de dividendos aos acionistas continua a ser uma prática corrente, esperando-se que entre as cotadas do PSI20 , este ano (resultados de 2014) a proporção de transformação de lucros em dividendos ronde os dois terços.
Regressando ao impacto das falências na redução da dívida empresarial, o Banco de Portugal antecipa que a saída de empresas do mercado continue, nos próximos anos, a ter um impacto importante da redução do endividamento. Em suma, têm sido a reestruturações de dívida ou a sua completa anulação (com perdas totais para os respetivos credores) que estão a contribuir de forma decisiva para que o setor empresarial se aproxime de níveis de endividamento sustentáveis. Um objetivo que, contudo, o Banco de Portugal afirma continuar a ser longínquo. O elevado nível de endividamento continua a ser sinalizado como um dos principais fatores de risco e de empecilhos à operação empresarial.
Pode encontrar mais detalhes sobre este tema nas páginas 28 e seguintes com especial destaque para a caixa da página 33 e seguintes sobre “A cessação de atividade das empresas e o processo de desalavancagem” da qual extraímos o gráfico que aqui reproduzimos.
Note-se que no setor Estatal a reestruturação da dívida ou o seu perdão total ou parcial não é uma opção considerada na relação entre devedores e credores na Zona Euro (com exceção para o que sucedeu a título parcial na Grécia), continuando a registar-se aumentos regulares do peso da dívida pública no PIB.