O desemprego caiu em 2014 mas a relação entre abandonar o desemprego e encontrar o emprego no país está longe da paridade. Esta ilação retira-se da desproporção existente entre os números médios anuais da queda do desemprego (menos 129,2 mil pessoas) e os números do aumento do emprego (mais 70,1 mil pessoas), uma realidade que foi ainda mais evidente se se compararem apenas os dados mais recentes relativos aos quatros trimestres de 2013 e de 2014, onde para cada 10 pessoas dos que saíram do desemprego só se registou um aumento de 2 pessoas no emprego. Ou seja, olhar estritamente para a evolução da taxa de desemprego, sem olhar para o que está a acontecer em termos de postos de trabalho criados continua a ser particularmente enganador.
Além da queda da taxa de desemprego para os 13,9% de taxa média anual (menos 2,3 pontos percentuais que em 2013), o INE revela também que a taxa de atividade caiu em 2014 (58,5% menos 0,8 pontos percentuais que em 2013) o que é compatível com a já referida divergência entre deixar de estar desempregado e passar a estar empregado: as duas realidades não são complementares.
Ao todo, em 2014, Portugal teve uma população desempregada média de 726,0 mil pessoas e uma população empregada, estimada em 4 449,5 mil pessoas. A população ativa foi de 5 225,6 mil pessoas, menos 1,1% face ao ano anterior (59,0 mil pessoas).
Em termos homólogos, este foi o sexto trimestre consecutivo de queda da taxa de desemprego e foi o primeiro a registar um aumento de desemprego face ao trimestre anterior depois de seis trimestres consecutivos de redução do desemprego.
Quem mais contribuiu para o aumento do número de empregados em 2014 segundo o INE?
“Mulheres, pessoas dos 35 aos 64 anos, com nível de escolaridade correspondente ao ensino superior, a trabalhar no sector dos serviços, por conta de outrem e a tempo completo (…)”
E quem está a sair do desemprego?
A diminuição do desemprego em 2014 ficou a dever-se essencialmente aos seguintes grupos populacionais: homens, pessoas com 25 e mais anos, com nível de escolaridade correspondente ao ensino básico, à procura de novo emprego (cuja última atividade foi exercida no sector da indústria, construção, energia e água) e à procura de emprego há menos de 12 meses.
Como se pode constatar, há pouco em comum entre as categorias que mais se destacam entre os dois grupos pelo que é legítimo presumir, atendendo ao perfil de quem abandona o desemprego, que a emigração continue a desempenhar um papel importante na queda do desemprego.
Pode encontrar a publicação detalhada de Estatísticas do Emprego – 4.º Trimestre de 2014 do INE aqui.