Entre março e fevereiro de 2015, as taxas de variação homóloga das exportações e das importações de bens das empresas a operar em Portugal aceleraram significativamente. Quanto às exportações passaram de +3,9% para +10,9%, enquanto as importações abandonaram uma queda de 4,1% e praticamente cresceram ao mesmo ritmo das exportações em março ao registarem uma subida face ao mesmo mês do ano anterior de 10,1%.
Considerando o trimestre terminado em março, as estimativas do INE são mais animadoras pois apontam para uma redução do défice comercial bem mais significativa do que a indiciada pelo último mês (de março) tomado isoladamente. De facto, no primeiro trimestre do ano, as exportações aceleraram para +4,0% enquanto as importações continuaram a cair (-1,4%) ainda que a um ritmo menor do que anteriormente. Segundo o INE, o “défice da balança comercial diminuiu 661,3 milhões de euros para -1 968,7 milhões de euros e a taxa de cobertura cresceu 4,4 pontos percentuais (p.p.) para 86,1%.“.
Voltando à análise específica do mês de março, não deixa de ser significativo notar que sem considerar combustíveis e lubrificantes a situação da balança comercial de bens teria sido pior, aliás, teria-se-ia mesmo degradado dado que as importações sem combustíveis e lubrificante aumentaram mais do que as exportações. Conjunturalmente, a capacidade de refinação instalada no país e as respetivas exportações que gera está a mais que compensar o desequilíbrio gerado pelos combustíveis que se consomem. Acrescenta-se que em março de 2015 já se terá notado o efeito de base associado ao encerramento da refinaria de Sines que ocorreu entre março e abril de 2014. Ao estar a laborar em 2015 provoca só por si um incremento homólogo das exportações de combustíveis com impacto nos valores gerais.
Mas quais foram as principais exportações e importações em março de 2015? O INE destaca:
“Em termos das variações homólogas mensais, em março de 2015 as exportações aumentaram 10,9%, principalmente devido à evolução do Comércio Intra-UE (em especial nos Outros produtos, Máquinas e aparelhos, Metais comuns e Combustíveis minerais). As importações aumentaram 10,1%, devido sobretudo ao Comércio Intra-UE (essencialmente nos Veículos e outro material de transporte, produtos Químicos e Máquinas e aparelhos).”
Quanto às origens/destino destaca anda que:
” (…) No que se refere às variações face ao mês anterior, em março de 2015 as exportações aumentaram 10,2%, em resultado da evolução registada tanto no Comércio Intra-UE como no Comércio Extra-UE (destacando-se os Minerais e minérios e Máquinas e aparelhos). As importações aumentaram 17,1%, essencialmente em resultado da evolução do Comércio Intra-UE (em especial devido aos produtos Químicos, Veículos e outro material de transporte e produtos Agrícolas) (…)”.
Daqui se podem extrair algumas pistas que nos indicam que há ainda um impacto muito forte do consumo privado a estimular as importações (há uma forte subida da compras de veículos ligeiros de passageiros que parece alinhada com o destaque às importações de veículos de transporte que o INE identifica) o que poderá indiciar que o incremento das importações não será particularmente auspicioso quanto ao reforço da capacidade de investimento da economia nacional. Dito isto é preciso sublinhar que só uma análise mais fina e com mais informação nos permitiria perceber melhor e com mais segurança o que se está a passar.