O BCE está preocupado com evolução económica a prepara-se para atuar, sinalizando que irá estar particularmente atento à evolução dos indicadores económico-financeiros que serão disponibilizados até dezembro. Draghi anuncia que, em dezembro, o BCE irá reavaliar de medidas que tem em vigor ou que pode vir a usar potencialmente, face aos riscos crescentes. E a reafirma que todos os instrumentos poderão ser ajustados, incluindo os de Quantitative Easing.
Mária Draghi sublinhou também que a evolução das economias emergentes serão um fator importante para condicionar a evolução das economia europeias. Ou seja, apesar de existir um crescimento interno razoável, o impacto externo (enfraquecimento da procura de países como a China) e o esgotamento de alguns dos fatores que empurraram a economia europeia para o crescimento económico (efeito dos baixos preços dos combustíveis e alguma folga fiscal) poderá colocar em causa o ritmo de crescimento. O BCE antecipa que a inflação possa recuperar em 2016 à conta de alguns efeitos de base (entraremos num ano completo de baixa de preços nos combustíveis) contudo identifica também fatores de depressão dos preços que não desenvolveu.
Draghi citou repetidamente a necessidade de dar novo fôlego a reformas estruturais tendo destacado especificamente a necessidade de investimento em infraestruturas públicas com vista aumentar a produtividade global das economias, contribuído para dinamizar o emprego e para elevar de forma permanente o nível de rendimento.
Draghi afirmou que, contrariamente às reuniões anteriores, no que agora ocorreu as taxas diretoras do BCE foram discutidas tendo-se optado, para já, por uma manutenção das mesmas. Na prática sinaliza assim que as taxas poderão não estar no seu limiar inferior contrariamente ao que havia sido afirmado há cerca de um ano.
Por outro lado, sublinhou que a manutenção de taxas de juro de referência baixas contribuem para um aumento do rendimento das famílias, crucial para estimular o consumo privado.
No decurso da conferência de imprensa o combate a baixa inflação ou à inflação negativa persistente (a roçar a deflação) foi discutido tendo o vice-presidente Victor Constâncio optado por citar um estudo norte americano que sinaliza que os índices de inflação presentemente em uso introduzirem um viés que sobrevaloriza a subida dos preços. O efeito prático será o de que uma inflação medida a rondar os 0% representará uma inflação efetiva negativa pelo que a meta monetária deverá apontar para uma taxa de inflação claramente acima de zero. Adicionalmente discorreu à cerca dos efeitos negativos sobre a sustentabilidade da dívida, equilíbrio entre poupanças e investimento provocados por um nível de inflação reduzido ou negativo.
Respondendo a um pedido de comentário sobre o eventual impacto da formação de um governo de esquerda em Portugal, Mário Draghi começa por dizer que não pode comentar política mas acrescenta que a incerteza política é uma componente natural de qualquer democracia. No momento em que escrevíamos este artigo o custo da dívida pública portuguesa a 10 anos no mercado secundário seguia em queda, em linha com a da generalidade dos países da Zona Euro, e abaixo do valor de fecho do dia anterior.