Recomendamos um texto imperdível de Wolfgang Münchau escrito no Finantial Times e agora traduzido para português no Diário de notícias: “Os brutais credores da Grécia têm arrasado o projeto da zona euro“. Dois parágrafos para aguçar o interesse:
“Se despojarmos a zona euro da ambição política, esta transforma-se num projeto económico utilitário. Algumas coisas que muitos de nós tomávamos por garantidas, e em que alguns de nós acreditávamos, terminaram num único fim de semana. Ao imporem a Alexis Tsipras uma derrota humilhante, os credores da Grécia fizeram muito mais do que provocar uma mudança de regime na Grécia ou pôr em perigo as suas relações com a zona euro. Eles destruíram a zona euro tal como a conhecemos. Eles arrasaram a ideia de uma união monetária como um passo rumo a uma união política democrática e retrocederam para as lutas nacionalistas pelo poder europeu do século XIX e início do século XX. Eles despromoveram a zona euro para um sistema tóxico de taxas de câmbio fixas, com uma moeda única partilhada, gerido segundo os interesses da Alemanha, mantido pela ameaça da miséria absoluta para aqueles que desafiam a ordem vigente. A melhor coisa que pode ser dita sobre o fim de semana é a honestidade brutal dos que estão a perpetrar esta mudança de regime. (…)
O euro também não funcionou para a Finlândia. Embora o país seja considerado o campeão do mundo das reformas estruturais, a sua economia tem caído desde que a Nokia deixou de ser a fabricante número um de telemóveis no mundo. A França teve um desempenho relativamente bom durante os primeiros anos do euro, mas também ela tem tido agora défices persistentes da balança corrente. Não é só na Grécia que o euro não é o ideal. (…)”