O ano 2015 começa mais sombrio do que seria de esperar: mais consumo, menos capacidade de exportar. Assim é, pelo menos se atendermos a que a sustentabilidade do frágil crescimento económico que Portugal regista parece incompatível com os dados hoje revelados pelo INE. Quando aqui ao lado, em Espanha o PIB passou o ano de 2014 a registar taxas cada vez mais elevadas de crescimento do PIB (fechou o ano a crescer 2% face ao último trimestre de 2013) em Portugal o PIB está em desaceleração e os primeiros dados já de 2015 relativos a variáveis relevantes não são de todo animadores.
O indicador de atividade económica está em queda desde julho, mesmo os indicadores de confiança interromperam a recuperação e no comércio externo estamos a sofrer mais com o impacto da queda do petróleo entre os nossos clientes do que a conseguir aproveitar o desconto nos preços das nossas exportações por via da desvalorização do euro. Se este cenário se revelar uam tendência de 2015, a situação pode tornar-se grave rapidamente.
Retem-se, para já, a evolução positiva do desemprego que ainda assim se mantêm nos 13,3% e que também ele poderá esconder um contributo não sustentável a prazo oriundo da contratação direta via programas de apoio temporário do Estado.
Eis o resumo da Síntese de Conjuntura do INE:
Procura Interna acelera em janeiro. Exportações e Importações nominais de bens com comportamento negativo – Fevereiro de 201518 de março de 2015
Resumo
Em fevereiro, os indicadores de confiança dos consumidores e de sentimento económico recuperaram na Área Euro (AE). No mesmo mês, os preços das matérias-primas e do petróleo apresentaram variações em cadeia de -1,3% e 13,5%, respetivamente (-4,5% e -18,7% em janeiro).
Em Portugal, o indicador de clima económico estabilizou em fevereiro, após ter aumentado ligeiramente no mês anterior. O indicador de atividade económica diminuiu desde julho, embora de forma moderada no último mês. Em janeiro, os Indicadores de Curto Prazo (ICP) apresentaram sinais negativos sobre a evolução da atividade na indústria, na construção e obras públicas e em setores de serviços. O indicador quantitativo do consumo privado apresentou um crescimento homólogo ligeiramente mais expressivo em janeiro, refletindo a aceleração do consumo corrente. No mesmo mês, o indicador de FBCF aumentou, em resultado da redução do contributo negativo da componente de construção e, em menor grau, do ligeiro aumento do contributo positivo da componente de máquinas e equipamentos. Em termos nominais, as exportações e importações de bens apresentaram variações homólogas de 0,9% e -1,8% em janeiro, respetivamente (4,8% e 2,5% em dezembro). Não considerando médias móveis de três meses, as exportações e importações diminuíram 1,8% e 10,2% em termos homólogos em janeiro (variações de 5,0% e 2,5% no mês precedente). A evolução conjunta do comércio internacional de bens e do consumo privado sugere que se terá reduzido o nível de existências na economia.
De acordo com as estimativas mensais do Inquérito ao Emprego, a taxa de desemprego (15 a 74 anos), ajustada de sazonalidade, passou de 13,6% em dezembro para 13,3% em janeiro. A estimativa da população empregada (15 a 74 anos), ajustada de sazonalidade, aumentou 0,5% face ao mês anterior e 1,6% em termos homólogos.
O Índice de Preços no Consumidor (IPC) apresentou uma variação homóloga mensal de -0,2% em fevereiro (-0,4% em dezembro e janeiro), observando-se taxas de -0,9% na componente de bens (1,3% em janeiro) e de 0,8% na de serviços (0,9% nos dois meses anteriores).