Sendo certo que o andamento da economia está particularmente dependente da evolução da conjuntura internacional o Banco de Portugal revê em alta as previsões para a evolução da economia portuguesa em 2014: prevê um crescimento real de 1,2% quando há três meses previa 0,8%.
O Banco de Portugal reconhece um maior dinamismo das importações associado em parte a um crescimento significativo da procura interna, mas continua a antecipar um crescimento robusto das exportações, suficiente para que não haja um desequilíbrio. Face às previsões de inverno, praticamente manteve a previsão para a exportações em 2014 (+5,3%) tendo revisto a importações de 3,9% para 5,4%. Ou seja, ainda que marginalmente, sinaliza que em 2014 as importações cresceram mais do que as exportações, uma novidade face aos últimos anos. Mas assim sendo, não é por aqui que encontramos explicação para o reforço da previsão de crescimento, ou sequer para o crescimento. De onde vem?
O Banco de Portugal alterou significativamente as projeções associadas ao consumo público, muito menos negativo agora (de -2,3% passou para -0,9%) e alterou de forma igualmente relevante a projeção sobre o consumo privado que passa de +0,3% para 1,3%. O mesmo se passa aliás com a Formação Bruta de capital Fixo que se espera atinja os 1,8% e não os 1,0% previsto no boletim de inverno.
Em suma, o crescimento do PIB justificar-se-á totalmente pelo consumo privado, sendo o contributo da procura externa líquida (exportações menos importações) nulo.
Este facto preocupa o Banco de Portugal no sentido de colocar em causa a sustentabilidade da retoma, ainda assim a instituição opta por sublinhar de seguida aspetos que considera indiciarem o oposto: “(…) Algumas características da atual fase da economia portuguesa – capacidade líquida de financiamento externo, consolidação orçamental em curso, transferência de recursos do setor não transacionável para o setor transacionável – constituem elementos favoráveis a um processo de crescimento sustentável (…)“
Entretanto, destacamos que a previsão para a taxa de inflação em 2014 foi revista de 0,8% para 0,5% e sublinhamos ainda que o Banco de Portugal passou a projetar informação para três anos e não apenas para os dois anos como era habitual. Eis o quadro de síntese das projeções económicas para Portugal 2014-2016: