Os centros de saúde preparam-se para efetuar uma limpeza dos registos usando como critério a frequência do respetivo centro de saúde. O critério anunciado usará como limiar para expurgar os utilizadores registados o facto de estes terem ou não frequentado o respetivo centro durante os últimos 3 anos.
Não conseguimos apurar se a purga envolverá pessoas individuais ou se considerará a frequência do agregado familiar (por exemplo, se algum membro do agregado tiver utilizado o serviço, o contador dos 3 anos volta a zero para todos os membros ou só para um?), nem tampouco conseguimos ainda saber o que acontece depois de alguém que afinal estava vivo, que afinal não tinha mudado de residência e que afinal nunca tinha necessitado (durante 3 anos) de recorrer aos serviços de saúde se apresentar no centro de saúde e pedir assistência de um médico de clínica geral.
O mais provável é que continue a ter acesso mas, se antes tinha médico de família, poderá perder o direito ao mesmo numa base de atribuição fixa, passando então a fazer parte dos portugueses que não têm um médico específico atribuído. Em bom rigor, estas purgas não são novidade absoluta na gestão dos centros de saúde.
Sendo extremamente discutível, este é um critério que procurará adequar à maior necessidade os escassos médicos de família e demais recursos dos centros de saúde. Contudo, não conseguimos entender como, na posse de estatísticas de frequência por médico, é necessário recorrer a este expediente de forma generalizada.
Se um médico de família tem um contingente de, digamos 2500 pacientes, mas destes uma parte significativa usa o serviço de forma pouco frequente, porquê expurgá-los e não, como alternativa, atribuir mais pacientes a este médico por comparação com outro colega que tendo os mesmos 2500 pacientes de base tem de atender muito mais pessoas por ter, por exemplo, pacientes com idade média mais elevada e/ou menos condições de recorrer ao privado?
Especulamos, como é natural. Se encontrarmos mais informação esclarecedora sobre o assunto procuraremos dar-lhe nota.
Terminamos com um sublinhado, uma boa prestação de cuidados de saúde não implica recorrer ao médico apenas quando tem razões de queixa objetiva. Visitar o seu médico de família de forma rotineira para um check-up anual não faz mal a ninguém e evita surpresas com algum “purga” administrativa.