Orçamentos Familiares: 57% dos recursos vão para habitação, transportes e alimentos

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O INE divulgou há pouco os dados definitivos do Inquérito às Despesas das Famílias 2010/2011 (IDEF), uma operação estatística quinquenal que será, porventura, a seguir aos censos da população, a peça mais importante produzida pelo INE em termos de recolha de informação estatística de elevado valor acrescentado. Recorde-se que o IDEF é uma peça chave no estudo detalhado da despesa familiar, da pobreza, da distribuição do rendimento e permite atualizar de rigor a estrutura de ponderação a utilizar no cálculo da evolução dos preços (inflação). No fundo, fornece um manancial singular de informação sobre as famílias portugueses e a sua condição económica, recolhendo dados monetários e não monetários relativos ao rendimento, etc.

Para o  destaque à comunicação social o INE decidiu sublinhar a importância das despesas com a habitação, alimentos e transportes que absorveram 57% do total da despesa familiar.

Segundo o IDEF, a despesa total anual média dos agregados familiares era, em 2010/2011 de 20 391€  (para um rendimento líquido médio de 23 811€) que se distribuía da seguinte forma:

 Note-se que a classe de despesa que congrega Habitação; despesas com água, electricidade, gás e outros combustíveis subiu quase 10 pontos percentuais na estrutura de despesa familiar entre 2000 e 2010/2011.

O IDEF permitiu apurar que 19,4% do rendimento líquido anual provem de fontes de rendimento não monetárias, precisamente por captar aspetos de geração de riqueza muito relevantes em Portugal como a autoabastecimento, autolocação (rendas subjetivas), o auto-consumo, entre outros. Eis um excerto do destaque do INE sobre este assunto:

” (…) Os rendimentos do trabalho representavam 54,5% do rendimento total e constituíam a principal fonte de rendimento em todas as regiões NUTS II. No conjunto dos rendimentos de trabalho, os auferidos por conta de outrem (11 378€ em média) eram sete vezes superior aos rendimentos por conta própria (1 593€ em média). Os rendimentos de pensões, com uma média de 4 943€ por agregado familiar, representavam cerca de 21% do rendimento total anual médio.

Entre as componentes do rendimento não monetário destacavam-se os valores atribuídos a autolocação (ou rendas subjetivas, i.e., o valor de renda estimado pelos agregados proprietários da residência principal ou usufrutuários de alojamento gratuito de residência principal) que representava mais de 75% do rendimento não monetário, e cerca de 15% do rendimento total anual. (…)”

Outro aspeto importante analisado com base na informação do IDEF é a incidência da pobreza,  da desigualdade de distribuição do rendimento e da respetiva distribuição geográfica. Nesta área destaca-se que o rendimento monetário é responsável pela redução em 2,5 ponto percentuais da taxa de risco da pobreza e destaca-se ainda que Lisboa é, de longe, a região do país onde se identifica a maior desigualdade de rendimentos. Em 2010/2011 cerca de 14,8% dos portugueses enfrentava uma situação de pobreza.


Além do destaque do INE pode ainda consultar a publicação detalhada com toda a informação publica disponibilizada pelo INE sobre os Orçamentos Familiares em PDF ou base de dados:

Quadros da Publicação

Excel XLS (1743 Kb)
7-Zip CSV (50 Kb)

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