Não espere pela saída do euro para mudar de máquina de lavar, frigorífico ou automóvel (act.)

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Comecemos com um alerta, o que a seguir se escreve não faz sentido para muitos mas pode fazer sentido para alguns e como não o temos visto escrito ou dito aqui fica.

Imaginemos que o caro leitor tem a sua situação financeira controlada, uma taxa de esforço para pagamento de dívidas muito baixa ou inexistente, um pé de meia simpático,  no fundo, uma situação líquida claramente positiva e mais que satisfatória para enfrentar o mau tempo financeiro em que navegamos. Imagine até que face à fase em que se encontra no seu ciclo de vida, não espera grande turbulência e que o que tem para si deve bastar e sobrar. Bom, chegados aqui provavelmente estaremos a falar já para um número muito limitado de leitores mas, ainda assim, recomendamos aos restantes que nos acompanhem pois a solução aplica-se a outros em função do peso que cada um colocará nos aspetos que vamos sublinhar.

Imagine também que está convicto de que vamos acabar por sair da zona euro, ou que, pelo menos, há uma forte probabilidade de isso acontecer nos próximos anos. O que deve fazer enquanto política de investimento? Bom, não vamos dar conselhos específicos mas vamos-lhe sugerir que considere uma alternativa à poupança: não despreze inteiramente o investimento em bens duradouros, particularmente se achar provável que nos próximos anos o mais certo é ter de os substituir. Porquê? Porque tratando-se muitos deles de bens importados, há um risco enorme de, na eventualidade de uma saída do euro, estes ficarem muitíssimo mais caros do que atualmente.

Exemplos? Imagine que tem uma máquina de lavar roupa antiga e que anda a ameaçar a reforma. Imagine que tem uma máquina de lavar louça que já está perto do seu prazo normal de vida ou um frigorífico muito antigo e ineficiente que só ainda não substitui porque apareceu a crise e parece mal gastar dinheiro. Ou mesmo um automóvel energeticamente ineficiente e que já dá mais despesa com a manutenção do que seria desejável. SE tem condições para os substituir sem com isso pôr em perigo a estabilidade financeira da sua família  (evite o crédito! e pense a médio prazo) e SE é expectável que estes venham, nos próximos anos, exigir substituição ou elevada manutenção, você é um bom candidato a considerar o investimento nesses bens duradouros como uma alternativa de minimização do risco de desvalorização das suas poupanças perante um regresso ao escudo. Note também que pese embora haver agora fiscalidade acrescida em alguns destes bens, tem havido também algum esmagamento das margens/promoções pelo que o preço final poderá ser interessante nos tempos mais próximos.

Se estiver nestas condições, aumentar a sua poupança pode ser menos avisado do que não adiar a substituição de bens duradouros de primeira necessidade e ir tratando paulatinamente de os substituir.

Se acha que nunca vamos sair do euro, ou a probabilidade é baixa e está a ter um bom retorno da poupança que tem; ou se migrou as suas poupanças para outra moeda em bancos de outros países, ou se a opção de substituição de compra se fundamenta em impulsos e menos numa análise efetiva de necessidade de substituição a médio prazo dos ditos bens, então esqueça o que aqui escrevemos e junte-se aos que nem querendo podem considerar este tipo de opções que aqui discutimos.

Sem grandes pretenciosismos, deixamos apenas esta hipótese à consideração dos nossos leitores: se puder consumir, por diversas razões, este pode até ser um bom momento para o fazer. Pense e analise o que será melhor para si. No final será você a sofrer ou beneficiar das más e das boas decisões de investimento que tomar, por ação ou omissão.

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