Em mais um dia de cacofonia europeia – do BCE vieram sinais de que o MEE poderá ganhar licença bancária e na Alemanha aventa-se pela primeira vez a hipótese de ter de haver reestruturação da dívida grega afetando os credores institucionais – o cenário mais provável é ainda e cada vez mais o do colapso do todo ou de parte da zona euro.
A este propósito destacamos um excerto do artigo de hoje de manhã de Luís Rego no Diário Económico “Do Grexit ao Portuguexit” de que recomendamos a leitura integral (clique no título para aceder):
(…) Os mercados já fizeram a sua escolha e os políticos nacionais também. Pressionados por forças populistas e risco de perda de ‘rating’, há nove parlamentos na zona euro que rejeitam novos créditos à Grécia. Isto por si só exclui, à cabeça, mais tempo ou mais dinheiro, reclamados por Atenas. A resposta grega é vender tudo e depressa. Mas é difícil cativar investidores com ameaças diárias de abandono do euro, com uma economia que já destruiu 20% da sua riqueza em quatro anos e com uma coligação de governo colada com cuspo.
O BCE preparou esta semana a sua escolha. Sem grandes justificações técnicas, fechou a torneira aos bancos até que a Troika termine a sua avaliação. O xeque-mate virá quando desautorize o banco central grego a dar liquidez aos seus bancos.
O que se segue não é bonito. Sem crédito internacional nem bancário, o governo teria numa primeira fase de usar os poucos euros que tem para servir a dívida externa e emitir notas de crédito para pagar salários e pensões, que seriam o embrião de uma nova moeda. As lojas fariam desvalorizar essa nova moeda pedindo mais do equivalente em euros. Antes disto teríamos uma corrida aos bancos e o Estado seria obrigado a controlar a saída de capitais.
E no dia seguinte, alguém pode excluir uma corrida aos bancos em Lisboa ou Madrid? Portugal alimenta-se na esperança de ter o apoio incondicional europeu por ser bom aluno. Há mesmo quem já se vanglorie de sermos melhores que os gregos ou os espanhóis. Falta de memória: sabemos bem como um mau dia nos mercados pode deitar a perder meses de consolidação e aparente credibilidade, como se espalha a ideia que o país não está a fazer o suficiente quando já fez tanto. Note-se a ingratidão com que os mercados sorveram 65 mil milhões de austeridade em Espanha.
Desenganem-se: num cenário de desintegração do euro, Portugal continua na mira dos mercados e a zona euro, no colete-de-forças monetário, orçamental e político que se auto-impôs, não estaria em condições de nos sustentar por muito mais tempo. (…)”
Triste mas verdadeiro… Se a Grécia sair do Euro a melhor opção para os Portugueses poderá mesmo passar por levantar o dinheiro do banco e guardar no colchão. Se na Grécia a saída está a ser anunciada, não se sabe se teremos a mesma sorte