A ler hoje no I,”Um economista grego em Portugal. “Cortar salários não é uma reforma. Entra-se num ciclo vicioso, como na Grécia”“, uma entrevista a um professor de economia grego a leccionar na Faculdade de Economia da Universidade Nova há seis anos. Um excerto:
“(…) Qual foi o sentimento dos gregos em relação ao resgate ao país?
Muitas pessoas viram-no como uma coisa boa. Eu já fui uma delas. No início as pessoas pensaram, e muitas continuam a pensar, que os problemas que se discutiam e arrastaram durante décadas iam ser resolvidos porque alguém ia forçá-los a isso. Na verdade foram feitas muitas reformas, no início mais, mas agora abrandaram. Reformou-se o sistema de pensões, o sistema de impostos, o mercado de trabalho, abriu-se o acesso a profissões. Mas o FMI também significa cortes salariais e despedimentos. A maior parte das pessoas estava realmente aborrecida. Diziam: a culpa não é nossa, porque temos de pagar por isto?
Muitos economistas cá usam esses argumentos. Mas disse que mudou de ideias…
Mesmo que tudo corra bem, e no melhor dos cenários, em 2013 a Grécia terá uma dívida de 160% do PIB. É impossível que isto funcione. Por isso eu acho que a Grécia a certa altura vai ter de restruturar a dívida. A questão é perceber se é melhor reestruturar agora ou mais tarde. O que mais me preocupa é que os cortes salariais e o aumento de impostos lançaram o país numa recessão mais profunda que o esperado. As receitas fiscais e as contribuições sociais baixaram e é preciso pagar mais em benefícios para o desemprego. Isto criou mais pressão para conseguir mais dinheiro, o que leva a um novo aumento de impostos e a mais recessão. É um círculo vicioso. Falta um incentivo para a promoção de crescimento. (…)”