A frase do mês de Pedro Lains: “Afinal, Portugal não é a Grécia. É o Chile. De há 30 anos.”
Um excerto:
” (…) Deixem-me personalizar porque é caso para isso. Conheço o pensamento de Vítor Gaspar, porque várias vezes me cruzei com ele, em seminários, e porque ele se interessa por história económica e várias vezes entrámos em diálogo. Sempre concordámos em discordar. Também conheço o seu pensamento porque por onde ando há outros economistas assim, também dos bons. Posso talvez dizer que em cada 100 economistas ou historiadores económicos que conheço, cinco pensam como o ministro das Finanças e um é fora de série. A presença de um deles num debate é sempre fonte de animação.
Mas há dois grandes problemas. O primeiro é que estes economistas, no fundo, não estão muito interessados em causalidades. Estão mais preocupados com equilíbrios. Não acham importante determinar se vem primeiro o ovo ou a galinha. Há um défice, um desequilíbrio? Corrija-se. Mas as causas são… Não interessa, corrija-se para recuperar a confiança, criar um círculo virtuoso e restabelecer o crescimento. Onde foi isso visto? Aqui e ali. Mas como prova que a recuperação foi o resultado da contracção, se o mundo entretanto mudou? Porque a teoria assim o diz.
O segundo problema, porventura maior, muito maior, é que esses economistas não chegam, nem perto nem longe, aos governos dos países avançados e europeus como Portugal. Os ministros das Finanças europeus são políticos, não teóricos e sobretudo não teóricos da fasquia dos 5%, brilhantes, é certo, de Vítor Gaspar. Quanto muito chegam a governadores de bancos centrais. Tivemos azar. (…)”
Só para que conste, Pedro Lains não é conhecido, de todo, pelo seu ideário esquerdista…