Mais um texto para reflectir e talvez traçar o perfil dos novos políticos que havemos de querer ter um dia a governar este país, nestes ou noutros partidos:
” (…) A mulher de Alberto Martins, que é procuradora-adjunta, recebeu 72 mil euros pela acumulação de funções em dois tribunais. Apesar do parecer negativo da Procuradoria-geral da República; apesar da decisão contra de um ex-secretário de Estado. Escândalo? Não, um dia normal. Que diz o ministro? Que não interveio. Que faz o ministro? Manda investigar.
Agora compare: há três semanas, o ministro da Defesa alemão, Karl-Theodor zu Guttenberg, um dos ministros mais populares e fortes de Angela Merkel, foi acusado de plágio na tese de doutoramento. Não esperou por investigação: demitiu-se. Descubra as diferenças, não são sete, é só uma: a dignidade do sistema político sobrepõe-se a quem lá passa.
Uma demissão não é um acto de saneamento político mas de sanidade do sistema; não é uma confissão de culpa, mas de sentido de Estado. Mas em Portugal ninguém se demite, tudo se admite. Os Portugueses não conseguem votar por falha grave do Cartão de Cidadão? Rolam cabeças subalternas. A mulher do ministro da Justiça (repito, da Justiça) é suspeita de favorecimento? Não há problema. Mas a expressão “degradação das instituições” vem-nos à cabeça – e é eufemismo. (…)”
Pedro Santos Gerreiro no Jornal de Negócios em “O ministro, a sua mulher, a democracia e a justiça dela“.
Aos factos enumerados por PSG juntaria o caso do Deputado que roubou uns gravadores aos jornalistas que o entrevistavam e que continua a ser porta-voz do seu partido e, claro, a ser deputado eleito na nossa câmara de representantes.