Com diferenças de algumas minutos conseguimos ler no DN/Dinheiro Vivo que os “Investidores fogem dos bancos e compram casas a pronto” e que (no Negócios) as “Taxas de juro mais atractivas levam famílias a aumentarem depósitos“. Contradições? Talvez não, afinal podemos estar a falar grandezas diferentes podendo estar a ocorrer as duas tendências em simultâneo.
No caso do comentário ao mercado imobiliário, as empresas de intermediação estão a constatar que o recurso ao crédito para compra de imóvel estará em mínimos históricos, por esta via já teriamos um aumento do peso relativo das vendas a pronto pagamento… Por outro lado, é verosímel que mesmo com o mercado de compra e venda a registar muito menos negócios que no passado recente, um número não desprezível de portugueses (empresas e particulares) com disponibilidades financeiras, esteja a decidir aproveitar a descida de preços dos imóveis, a incerteza no sector financeiro e, talvez, a perspectiva de melhorias significativas a curto prazo, ao nível da segurança e tributação aplicada ao mercado de arrendamento, para investirem na compra de imóveis para reabilitação e arrendamento ou apenas para arrendamento.
Em termos de grandes números, talvez esta tendência não se reflita numa redução dos montantes depositados podendo a saída para estes investimentos estar a ser mais do que compensada pelo esforço de poupança da generalidade dos portugueses que o consegue fazer. Note-se que por muito em conta que estejam agora os valores dos imóveis, não serão muitos aqueles que podem apresentar a pronto o valor integral a pagar. Já serão muitos mais aqueles que conseguem poupar alguma coisa e colocá-la no banco a render juros um pouco acima da inflação prevista.
A estas notícias juntamos uma nota recente relativa a um outro mercado esse sim inquestionavelmente em retração: o da comercialização de veículos novos. Aparentemente, quem não quer ter uma fracção excessiva da sua poupança acumulada no sector financeiro, está a optar mais por investir num valor menos arriscado como uma casa do que a “torrar” o capital num novo bólide. A nossa balança comercial agradece.