O jornal Brasil Econômico analisou o recente regresso de um número muito significativo de craques brasileiros ao futebol nacional (em “Por que os jogadores estão voltando ao Brasil”) identificando como causas a crise económica internacional mas também uma melhoria da capacidade de gestão do futebol brasileiro que tem vindo a diversificar fontes de receitas nos últimos anos.
De facto, olhando para a lista de retornados (Alex Silva, Edmilson e Roberto Carlos; Corrêa, Cléber Santana e Robinho; Adriano, Vágner Love, Fred e Ronaldo) e para o curto espaço de tempo em que sucedeu o regresso, é inegável tratar-se de um fenómeno singular. Note-se o perfil dos dispensados pelos clubes europeus: craques muito bem pagos, já de “meia-idade”, alguns com rendimento mediocre mas também alguns com rendimento médio ou superior e com marcas firmadas a nível internacional. Nada de muito diferente do que se passa em outros setores de atividade em crise: se é certo que o contratado temporário é vitima preferencial, não é menos verdade que é entre quem está perto do topo da carreira que se conseguem as maiores poupanças. A “felicidade” destes profissionais brasileiros é mesmo o contra-ciclo que se regista na sua terra natal, traduzido neste excerto da peça citada:
“(…) Por outro lado, ao mesmo tempo em que a economia brasileira vem crescendo, os clubes brasileiros estão explorando melhor as fontes de renda com o esporte, que até pouco tempo atrás se baseava apenas na venda de jovens promessas para o exterior.
Caso mais emblemático dessa mudança é a volta de Ronaldo ao futebol brasileiro. Mesmo com as dúvidas sobre suas condições dentro de campo, o Corinthians apostou no jogador como uma forma de atrair patrocínios, melhorar o público nos estádios e vender produtos aos torcedores.
Desde então, os ganhos com os espaços publicitários da camisa corinthiana dobraram de preço e outras fontes de renda do clube foram valorizadas, como é o caso dos ingressos para os jogos (…)”