Além do artigo referido em baixo “É perigoso cortar salários” recomendamos ainda a leitura de “A Alemanha terá de fazer transferência de excedentes comerciais para investimento nos países periféricos” reportando-se à mesma entrevista com Keith Wade. Um excerto:
“(…) Portugal é um caso muito difícil, sem soluções à vista e que tem de encontrar soluções a nível de competitividade que possam suportar exportações, já que o crescimento pelo consumo interno está totalmente excluído devido ao elevado nível de défice público e de endividamento externo, que atinge recordes.
Wade frisa que a chanceler alemã Merkel está a tentar empurrar Portugal, e outras economias, para modelos que lhes permitam ganhar competitividade, com a redução do custo dos factores de produção, mas fica sem se saber como irá o país crescer o suficiente para amortizar a elevada dívida externa e pagar juros recordes.
Keith Wade tem apenas uma solução: a transferência dos excedentes comerciais para países com dificuldades estruturais a nível do crescimento. O modelo possível passaria por investimentos em novas empresas e em novas indústrias, gerando maiores volumes de vendas ao exterior. O economista diz que, na actualidade, os países mais fortes da UE limitam-se a criar fundos para acudir às necessidades dos países em dificuldades orçamentais para que estes não entrem em incumprimento, mas isso significa gerar dívida sobre dívida, e com juros cada vez mais elevados. Este círculo virtuoso não tem solução e o caso paradigmático é o da Grécia, que paga juros acima dos 10%, tem um nível de endividamento superior a 150%, ficará em recessão e que, até 2014, tem de liquidar cerca de 110 mil milhões de euros que lhe estão a ser emprestados em parcelas. É virtualmente impossível a liquidação desse empréstimo e, por isso, a Grécia irá solicitar uma moratória no futuro. Alan Brown, CIO, chief investment officer da Schroders, acredita que a solução pode passar por pagar dívida com mais títulos de dívida…, ou seja, não é solução. (…)”