Há uma sensação de inevitabilidade no ar quanto ao alargamento das portagens em todas as Auto-Estradas do país. Pensando na pequena fortuna que o migrante luso pagará sempre que quiser ir à sua segunda casa na província, recordo os tempos em que usava com frequência o comboio para ir de Lisboa a Castelo Branco (Penamacor para ser mais concreto). O serviço era a todos os títulos horrível (5 a 6 horas de comboio com uma paragem no Entroncamento que podia atingir as 3 horas ). Estávamos nos anos 80 e eu, petiz, via tudo como uma grande aventura. A paisagem do Tejo, a descoberta de Almourol, os penhascos de Ródão… Bom, nem tudo era mau, mas o Comboio não era uma alternativa desejável. Singrava porque a automobilização ainda não se tinha generalizado.
Hoje, com alguma sorte, é certo, é possível fazer o mesmo percurso em pouco menos de 3 horas, sensivelmente o mesmo tempo que se leva de automóvel caso se cumpra o código da estrada. Mas subsiste um problema: a oferta radicular chegando-se a metrópole no interior. Não há oferta a preço digno e em horários compatíveis para distribuir os passageiros que pretendam deslocar-se para concelhos vizinhos. O problema de escala não será inócuo, a operação dificilmente é rentável. Mas poderá isso mudar com o aumento do custo do automóvel potenciado, quer pelas novas portagens prometidas, quer pelo expectável aumento do custo do combustível?
Não é impossível que nos próximos anos o tráfego rodoviário de particulares encolha por via de um maior espaçamento do regresso ao interior. Não que a vontade de viajar diminua mas porque simplesmente o custo assim o ditará. Desconfio que poderia (poderá) haver aqui uma oportunidade para a CP nos troços recentemente modernizados, algo que, contudo, só poderá ter sucesso se combinado com novas soluções de distribuição radicular junto das estações de referência o interior.
Automóveis de aluguer low cost que poderiam servir a população sazonal nas viagens locais durante férias e afins poderia ser uma solução a combinar com o transporte ferroviário mais económico e confortável de longo curso (e por muitos preferido ao rei e senhor autocarro). Caro Sérgio Bastos, responsável pelo sempre muito bem informado Low Cost Portugal, que ofertas há aquém e além fronteiras em termos de low cost automóvel em interligação com Comboios?
O preço que se paga de Aveiro ao Porto é comportável e justo. Mas o que se paga de Viana ao Porto é uma ofensa, para não falar na falta de condições e horários descabidos.
A oportunidade é para o carro eléctrico!!! Mas até aí o Sócrates limitou a escolha. Existem condições para melhorar a qualidade de vida, mas o governo coloca sempre barreiras que só beneficiam os que têm de sobra.