A notícia vem hoje no jornal Público (obrigado pela dica Leonel!) e vem criar mais uma área importante de preocupação para o cliente bancário quando se decide a encetar relacionamento com um banco: quanto custa livrar-me do banco caso a relação deixe de fazer sentido. Segundo se relata no Público, o Banco Espírito Santo está a cobrar 100€ mais imposto de selo a clientes da conta BES 360 que queiram encerrar a conta/mudar de banco.
Em Outubro, o preçário do BES terá sido alterado tendo a comissão respectiva aumentado dos 13€ para os 100€. Sublinha o jornal que no caso concreto a que teve acesso se tratava de um cliente sem qualquer ónus, que sempre teve as suas contas em dia, digamos assim. O BES respondeu às inquirições do Público com um comunicado confuso onde não fica claro se a dita comissão está ou não em vigor.
Por estas e por outras, estou a reconsiderar seriamente o sentido que fará elencar a listas das melhores taxas de juro em vigor em Portugal. Como comparar taxas de juro (mesmo que usando uma taxa comparável) se existirem “em cima” dela custos explícitos e implícitos tão dispares que alteram na prática, de forma significativa, a efectiva remuneração dos aforradores? Mais matéria para reflexão com uma agravante, as condições com que cada um de nós “entrou” num banco podem mudar com grande facilidade de forma unilateral dificultando a avaliação do serviço bancário e apanhando de surpresa muitos clientes. Recentemente passei por uma situação onde sem que alguma vez me tenha sido comunicado, o banco alterou o tarifário tendo-me sido proposto o pagamento de uma comissão elevada, precisamente no acto de encerramento de uma aplicação/conta.
O mínimo que se pode exigir é que as instituições financeiras respeitem os clientes, informando-os sempre que as condições inicialmente contratadas sejam alteradas; para tal, mudar o preçário que está afixado nos balcões do banco ou mesmo num local relativamente escondido na internet não é suficiente. Um e-mail ou uma carta, deveriam ser enviados de bom grado por uma instituição financeira decente, infelizmente nem todas o fazem.
Impõe-se mais transparência e melhor informação, ao cuidado de Banco de Portugal.
Este e outro tipo de comissões tem atrasado e está inclusive a levar-me a reconsiderar o sentido de aqui divulgar uma listagem
Concordo. No sector bancário e noutros é demasiado frequente que se alterem as clausulas contratuais unilateralmente. Mesmo quando tal sucede já acho abusivo que se alterem sem por à consideração do cliente, mas pelos vistos é prática corrente e está previsto no contrato inicial.
Quanto à comparação de taxas de juro (quer no que toca a poupança quer ao crédito) já há muito tempo que cheguei à conclusão que as rendibilidades/prestações acabam por ser muito semelhantes. Quem dá mais de um lado, oferece menos do outro. Caberá a cada um avaliar as circunstâncias em que aquele ou outro depósito/crédito é vantajosos para o caso concreto. A generalização (“este banco é melhor que o outro”) é sempre falível.
Não há economia de mercado, que possa ser sustentável, com base em tanta trapaça e num terreno armadilhado, pois a confiança, que é um pilar essencial daquela(já para não falar da transparênca) é simplesmente minada, havendo pouco ou nada a fazer, a não ser que a intervenção das autoridades monetárias de supervisão não esteja comprometida ou desatenta, o que, face ao que nos é dado observar, parece ocorrer com gritante frequência.
Note-se que a trasnferência de muitas funções dos bancos centrais nacionais para o BCE, deveria possibilitar precisamente uma maior atenção a este tipo de práticas leoninas, discriminatórias e infames por parte dos bancos e sociedades financeiras comerciais, que são frequentemente tentadas a abusar da sua posição dominante e a “filar” o cliente a todo o custo.
Mas pelos vistos é como nada se passasse…E o rei vai nú!