A frase anda por aí há dois dias e merece que se guarde para memória futura. Particularmente quando tentamos perceber alguns empresários nacionais.
“Um trabalhador que esteja cansado física ou psicologicamente – porque está mais velho, porque tem problemas familiares, porque trabalhar naquela empresa não era exactamente o que pretendia ou porque se desinteressou do trabalho – deve poder ser despedido por justa causa.”
Gregório Rocha Novo da Confederação Industrial Portuguesa expondo o contributo desta confederação para o Livro Branco das Relações Laborais com vista a uma futura proposta de alteração do Código de trabalho.
Bizarras prioridades as destes senhores. Há coisas piores para uma empresa do que esta ficar entalada com um trabalhador “esperto” no seus quadros: ter um gestor que tenha entre as suas preocupações mais íntimas este programa como instrumento de sucesso para as suas empresas. Uma espécies de empresários das trevas, em mais do que um sentido. Intrinsecamente pouco inteligentes.
Bem, quer-se perguntar aqueles que criticam essa posição: calhou-lhes uma vez ter uma empresa ? Gerir ?
Tem investido nas acções e frustrados com o valor delas estagnado ?
Nunca lhes aconteceu ser servido por uma pessoa completamente desinteressada no seu trabalho epreder, assim, um monte de tempo e nervos ?
Perguntas retóricas, claro. É sempre lembrar, que no outro lado são investidores e consumidores – nós próprios.
Um bom gestor deve ter a possibilidade de gerir todos os recursos, e os humanos inclusive, de um modo eficaz e eficiente.
Acreditem, um bom trabalhador nunca se despede.
Inga,
Passei nos últimos anos por uma experiência engraçada. Imagine a mesma equipa a ser dirigida sucessivamente por 4 pessoas diferentes. A conjuntura contratual foi sempre a mesma: o despedimento era virtualmente impossível. A equipa podemos dizer que era formada por raposas velhas, dando-se-lhe pretexto predominava a preguiça e decaia a produtividade. Houve um dos chefes que advogava que o problema era não haver a ameaça de despedimento, foi de longe aquele que conseguiu por a equipa a render mais perto do zero. Entre os outros, aqueles que preferiram usar da inteligência e conhecimentos mais ou menos avançado da psique/relacionamento humano chegou a haver exemplos de sucesso: chegaram até a bater-se recordes de produtividade invejáveis face a outras equipas mais predispostas “por natureza” a trabalharem.
Aceito que um bom trabalhador nunca perde o emprego SE tiver um gestor competente e sublinho que a mentalidade por detrás da defesa do despedimento sumário por interesse e decisão superior do gestor geralmente é apenas uma desculpa para esconder as insuficiências e a falta de visão de quem gere equipas de trabalho. Salvo raras excepções, esta sugestão de medida legal, num contexto de tacanhez e incompetência administrativa que ainda faz escola neste país, será mais uma fuga para a frente do que um real auxílio para melhorar o desempenho de uma empresa. As excepções a quem esta medida assenta que nem uma luva estão para mim como aqueles assassinos que merecem a pena de morte: não justificam que eu defenda a instauração da pena de morte.
Eu até vinha para comentar o post, mas ao ler o comentário da Inga mudei de ideia e, com todo o respeito, tenho de lhe dizer que está redondamente enganada. Não é nada disso minha cara senhora, o problema é de incompetência e preguiça genética das hordas de gestores que gostam muito de falar e mais de se ouvir, mas que não têm dimensão para aumentar a produtividade das suas empresas.
Segundo dados da OIT sobre os trabalhadores da UE, “os portugueses trabalham muito mas produzem pouco e, ganham menos ainda”, sendo este, um sério problema estrutural, e é, porque o busílis disto andar assim, não são os trabalhadores, mas sim e sobretudo, os ineptos e incompetentes gestores deste carnaval.
Da eficiência trabalho-capital, resulta a produtividade, onde, a organização e qualidade de gestão se reflectem e que, muito deixa a desejar na maioria das empresas, sendo o podium das PME.
A globalização dos mercados, a rápida transformação da economia e a evolução tecnológica, determinam hoje em dia a relação cliente-fornecedor nos mercados e, é este desafio, complexo e sofisticado que determina a sustentabilidade das empresas e o seu sucesso ou insucesso no assegurar ganhos de produtividade, só que, isto implica gerir com excelência, com estratégia de longo prazo, desenvolvendo vantagem competitiva, explorando toda uma gama de factores para aumentar o crescimento endógeno que através das novas tecnologias é auto-alimentado e, aproveitando para competir nos sectores expostos à concorrência internacional numa economia de escala, em detrimento do turvo sucesso competitivo à custa do pão que o Zé leva para casa.
Hoje, a palavra de ordem típica, que não segue os prestimosos conselhos do bom senso e não admite inteligência opinativa, é: redução despudorada de custos e assunto arrumado como sardinha em lata, sem grandes expressões matemáticas ou azeite virgem para escorregar melhor. Como? Com medidas arbitrárias e perigosas, porque acéfalas e falhas de sensibilidade que contribuem para o lamaçal de desânimo e estão no âmago de muitos problemas: a redução de pessoal, corte dos benefícios – seguros de saúde por exemplo -, controlo excessivo dos gastos, aumentos salariais abaixo da inflação, etc, etc, etc, e embalados soberbamente pela economia de cordel onde lhes escapa uma ideia de todo um espectro de futilidades do ponto de vista de uma gestão inteligente que assim fica submergida.
Fico por aqui que o comentário já vai longo. Rui, desculpe lá a coisa.
Rui,
Nunca neguei a importância de um bom gestor. Contudo, um realmente bom gestor é uma raridade. Maioria é da capacidade média – média-alta. Não existe uma multidão dos gestores talentosos que chegavam para o mercado inteiro ! Gosta-se ou não, essa é a realidade. Por isso, acho mais sensato procurar como melhorar a situação nas condições dadas.
Por outro lado, vejo o problema muito mais complexo que a mera relação gestor-colaborador.
Primeiro, além das razões básicas que já referi no meu post anterior – serviço ineficaz e estagnação, ou mesmo a deterioração do capital, tenho ainda outros motivos para estar contra das restrições excessivas no mercado laboral:
1) Da restrição de despedimentos, sucede promoção do fenómeno dos recibos verdes. (Já viram os respectivos números ?)
2) Com a pressão cada vez maior sob os gestores, e sobretudo nas condições de globalização de hoje, os gestores cada vez mais optem pelo outsourcing. Outsorcing nacional ou nos países terceiros.
Afinal, quem sai mais prejudicado ? O país como unidade económica e os seus habitantes, em várias vertentes. Sobretudo os próprios trabalhadores: uma vez sem trabalho, já não vão conseguir um outro com facilidade. Com que mais me importo, são os jovens. O início infeliz da sua suposta carreira levanta vários, mesmo muitos problemas.
Agora, com a liberalização dos despedimentos, não vejo outro mal que umas tanta dramas pessoais. Que se ultrapassavam com o novo emprego, uma vez que as entidades patronais não teriam medo de contratar uma pessoa, mas, na verdade, ficar com um fungo subsidiado.
Já a responsabilização dos gestores, e a melhoria da qualidade da gestão é um outro tema.
Á propósito, sabe que primeiras perguntas me colocam os potenciais investidores estrangeiros ? Não, não os incentivos de investimento. Mas: se há um licenciamento especial para a actividade económica e a legislação laboral.
Diz alguma coisa, não diz ?
Exmo. Sr. PiresF,
Para poder aceitar a sua opnião das redondezas e para discutirmos o tema, gostaria de saber, antes demais, qual será a sua experiência como gestor ou proprietário do negocio, a dinâmica dos resultados económicos e quantos prémios do Melhor Gestor tem na sua colecção.
Até aí, o seu comentário parece-me uma lenga-lenga bem conhecida daqueles que… bem, fico por aqui.
Cara Senhora,
Se bem compreendo as suas palavras, o que eu disse, apesar da poeira emocional, ganharia então como num qualquer passe de mágica inteligência para discussão, e já me seria autorizada argumentação ad hominem.
Ora, não almejo grande futuro a parto tão acintoso nem estas minhas palavras pretendem ser conciliatórias, sendo, portanto, de carácter de excepção.
Termino confessando, que os contornos da lendária beleza da simplicidade e seus súbditos não me são desconhecidos e, de facto, o estilo faz o homem, que não raras vezes tem um nome: filha-da-putice.