Sonae versus PT: pagar para ver

Sonae versus PT: pagar para ver. Não é que não sejam assuntos relevantes de economia e finanças, mas (por enquanto?) não há por aqui quem se proponha a acompanhar com regularidade as várias novelas que se desenrolam no mercado accionista nacional. Dito isto não fico indiferente à mais simbólica e surpreendente das OPA que estão correntemente em “exibição”.

Ontem o clã Azevedo deu a palavra que faltava para que ninguém duvidasse que era mais do que  bluff aquilo que o movia: a OPA é mais do que aquilo que muitos já qualificaram de estratagema virtuoso que levaria, fosse qual fosse o desfecho, a uma win-win situation para a Sonae. Esta análise mantém a actualidade, contudo, a iniciativa final de elevar o preço que a Sonae.com está disposta a pagar pela PT (fixando-se agora em 10,5€) representa para todos os efeitos uma licitação adicional que, além de vantagens marginais de curto prazo na arrumação interna dos accionistas da PT, terá como fito mais evidente uma real tentativa de comprar a PT.

Muitas teorias perspectivando o curto (será suficiente?) ou o médio prazo (pois há mais vida e quem sabe OPA além desta OPA) podem ser congeminadas a partir deste novo cenário, mas julgo que o mais relevante neste momento seja a evidência de que temos mais do que meias tintas ou oportunismo negocial. Um cenário que pairava no ar e que perante a morosidade de todo o processo de decisão acabaria inevitavelmente por fazer mossa junto dos investidores quanto ao “instituto da OPA”… Hoje, julgo que ninguém poderá duvidar que Belmiro de Azevedo quer efectivamente comprar a PT. Genuinamente. Bem vistas as coisas, se não o conseguir continua a não perder mais do que isso e terá até ganho o respeito que se arriscaria a perder caso a estratégia do bluff fosse levada até ao fim sem mais esta palavra final. Cabe definitivamente aos accionistas fazerem as suas contas.