O testemunho que se segue foi deixado há pouco na caixa de comentários do artigo “Abono de família pré-natal – apoio à natalidade – 2007” aqui do Economia & Finanças.
A história é verosímel e pelo menos parte dela deveria ser evitável. Não digo que seja aconselhável cortar muitos passos burocráticos pois a matéria é muito propícia à fraude, mas pelo menos em matéria de funcionamento dos serviços da Segurança Social há margem para grandes melhorias (ainda).
Como informação complementar recomendo vivamente todos os interessados em recorrer a este abono a visitar as páginas da Segurança Social. Há por lá informação que aparentemente alguns dos seus funcionários ainda ignoram e há também por lá os impressos necessários. Em breve, com a reactivação do Fórum, essa informação passará a estar disponível também aqui.
Entretanto fica o testemunho da Joana:
“Ola,
Venho por este meio demonstrar toda a falta de profissionalismo que ha neste pais, especialmente quando é para ajudar alguem. Parece que querem “ganhar tempo”, dificultando assim, a vida das pessoas. Hoje, dia 14 de Novembro, é a NONA vez que me dirigo ao centro de segurança social, com o intuito de entregar os impressos devidamente preenchidos para poder usufruir do amistoso abono pre-natal. É triste, porque as tres primeiras vezes que me dirigi ao centro (duas das vezes, já passava o dia 1 de Outubro), a resposta foi conclusiva: “Não temos impressos” ou “Ainda não sabemos como é que isso vai funcionar…” – Lamentavel, nao vos parece? Sera que as pessoas que trabalham na Seg. Social não tem formação adequada para responder aos seus utentes?? Com certeza que não.
La voltei eu ao meu trabalho, mais uma vez atrasada e sem nada por resolver. Nao tardaria nada, perderia o emprego. E este, a segurança social não mo devolve com retroactivos.
A minha frustração agravou-se quando, feliz da vida, me ligou uma amiga dizendo que ja tinha os impressos e que tinha uns modelos para mim. Corri a preenche-los devidamente, imprimi a minha folha de IRS do ano anterior, o meu NIB, levei o impresso do medico completamente preenchido, e lá fui eu, para mais uma fila, entregar os documentos REQUERIDOS. De notar que perdi uma manhã de trabalho inteira, e que desta vez o meu Patrão já não esboçou o mesmo sorriso de compaixão que habitualmente fazia. Numero 186. Chegou a minha vez! Sento-me e digo Bom Dia. Não ha feedback. Oito minutos depois ouço um maravilhoso e entusiasta “Diga?”. Acaba com a boa disposição de qualquer um. A menina disse-me: “Isto esta tudo mal preenchido!” – Foi uma alegria! Acreditem que a minha formação é bem maior que a dela, e garanto-vos que nada estava mal preenchido. O que aconteceu foi que a Seg. Social não colocou determinadas lacunas nos impressos e achou que tanto eu, como o medico iriamos adivinhar o pressuposto. Tao inteligentes.
La fui eu, para o meu emprego, pedir desculpa mais uma vez ao meu patrao… No final do dia fui a correr ao meu obstetra, para que ele delicadamente me escrevesse no impresso o que elas me pediram: “É necessário que o médico diga que na data presente se encontra de x semanas, senao nos nao sabemos se ja abortou!” – Eu estou gravida desde Maio, a minha barriga já nao dava para esconder.
Como é evidente o meu medico ficou fulo, porque eu nao sou a unica paciente e porque ele ate nem tem mais do que fazer. Recusou-se a escrever porque disse que não é ele que tem que escrever isso. Com toda a razao. La voltei, 4 dias depois, e disseram-me que estava tudo mal, que as datas nao corrspondiam, que podia ter sido eu a escrever, que faltava a vinheta… CHEGA!!!!!!
Hoje vou voltar la, pela nona vez, e nao saio de lá enquanto nao resolver o problema. Nem que fique la barricada. Pode ser que me vejam na televisão. Chega de gozo. Isto é suposto ser um incentivo, não gozo. Nem que o meu filho nasca la, eu nao saio de la sem me resolverem o problema.
Obrigada pelo desabafo. Se me puder dizer onde é que eu me posso realmente queixar, eu agradeço. Quero envergonhar esta gente. Quero deixar bem claro que comigo, nao gozam mais.
Saudosos cumprimentos.”