O diferencial das taxas de juro e as melhores expectativas de crescimento económico na Zona Euro que nos Estados Unidos têm justificado sucessivos recordes históricos na taxa de câmbio Euro/Dolar.
Neste momento, é já preciso recuar até ao final de 2004 para encontrarmos, no histórico das cotações, o momento no passado em que o Euro esteve tão valorizado quanto agora, face ao Dólar.
Ministros das Finanças e empresários têm vindo a subir de tom as suas críticas ao Banco Central Europeu (BCE), advogando que, com a inflação controlada, nada justifica a continuação paulatina das subidas das taxas de juro que colocam sob forte pressão as margens comerciais das empresas que concorrem no mercado internacional – por promoverem o encarecimento dos seus produtos via subida da taxas de câmbio.
Note-se que quanto mais dólares um americano tiver de dar por um produto Europeu, menores as probabilidades de o vir a comprar. E recorde-se também que os Norte Americanos não são os únicos interessados em fazer as suas compras recorrendo ao dólar.
Ontem mesmo, reagindo ao tom e intensidade das críticas, um membro do BCE veio a público denunciá-las recordando publicamente o estatuto de independência do banco e a sua missão: garantir a estabilidade dos preços.
Provavelmente o BCE está a fazer bem o seu trabalho, tal como os políticos e os empresário também estarão a fazer uma análise correcta. O que se passa então? O que já muitos disseram no passado: a missão do BCE é manifestamente limitada. É um absurdo ter uma instituição financeira de topo a intervir olhando exclusivamente para uma variável económica.
Cada vez mais parece evidente que nesta matéria teremos algo a aprender com os EUA: a reserva federal (FED) – o par do BCE em terras americanas – tem além da função de garantir a estabilidade dos preços, a responsabilidade de com isso não hipotecar a saúde no mercado de trabalho e o desenvolvimento económico. Talvez este crescendo de acrimónia leve a médio prazo o poder político (que criou e estabeleceu a independência do BCE) a alterar neste sentido a sua missão. Se o BCE não complementar a sua missão com o costume não escrito de demonstrar sensibilidade a algo mais que a taxa de inflação, seguramente caminharemos nesse sentido. Neste aspecto os meses mais próximos serão a prova de fogo.
Ainda sobre este assunto do diferencial das taxas de juro, noto que hoje lê-mos, via Diário Económico, que o BCE está atento às taxas subidas da taxa de câmbio. Quem o diz é Vitor Constâncio. Quererá isto dizer que o BCE admitirá inverter a política, ou no mínimo interromper o ciclo de subidas dos juros, porque às expectativas de um potencial aumento da inflação futura há que contrapor as bem reais e concretas taxas de câmbio actuais? Como disse, os próximos meses serão esclarecedores.
E sim, hoje é muito mais barato ir de férias para os Estados Unidos do que há um ano atrás. Se puder, e tiver gosto, aproveite esta “promoção”!
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