Como saberão o petróleo é transacionado internacionalmente em dolares. Ou seja, a Petrogal (por exemplo), para comprar petróleo tem de primeiro trocar euros por dólares para depois poder efectuar a compra e o respectivo pagamento.
Nos últimos dias, tanto a taxa de câmbio euro/dolar como o preço do barril do petróleo nos mercados internacionals têm batido recordes históricos. Com algum descuido e algumas ilusões ópticas podemos partir para conclusões precipitadas sobre a evolução da factura energética* associada ao petróleo e seus derivados nos últimos anos.
Ora se os números não me falham nem as respectivas contas, cheguei à conclusão que mesmo cotado em dolares o preço do Brent e do WTI estão ainda 1,6% e 5,3% abaixo, respectivamente, dos valores médias apurados durante igual período do ano passado (período de referência de 1 de janeiro a 11 de Setembro). E se considerarmos o efeito cambial durante o mesmo período o cenário é ainda mais expressivo: o preço médio do Brent medido em Euros caiu 8,7% face a igual periodo de 2006 e o do WTI caiu 12,2%.
Se a factura energética está a aumentar face ao ano passado não será pelo efeito da subida de preços do petróleo (por enquanto). Alguém discorda?
Notem que se as contas em vez de recorrerem a valores médios com preocupações ao nível da comparação homóloga, pegassem exclusivamente nos últimos valores do mercado, as conclusões seriam bem diferentes. Mas aí não estariamos a ser muito honestos.
Deixo neste ficheiro "Preço do Petróleo na Europa – 11 de Setembro de 2007" o resumo dos cálculos e a indicação das fontes utilizadas.
* isto considerando apenas os efeitos preço e cambial, deixando de lado eventuais oscilações no volume, ou seja, na quantidade que tem sido necessário importar.