Um dos maiores obstáculos à correcta valorização da informação estatística (quer quanto à percepção das suas potencialidades, mas também quanto às suas insuperáveis limitações), advém da impreparação dos intermediários informativos para digerirem de forma adequada os dados que recebem do produtor de estatísticas que interpelam a cada momento.
Além de saber interpretar os dados, outro dos obstáculos advém da ignorância quanto à forma como estes se apuram, algo que só pode ser ultrapassado se ambas as partes colaborarem devidamente: o produtor divulgando como faz e o jornalista/investigador revelando curiosidade em saber como é feito. Tudo coisas lógicas mas nem sempre visíveis como prática corrente. Costuma vingar algum isolamento, quem sabe se defensivo, por parte dos produtores (não primando pela transparência metodológica), um fenómeno que é acompanhado do lado dos jornalistas/investigadores por uma facilidade pouco razoável, porque geralmente mal fundamentada, na produção de juízos de valor sobre a informação disponível. E notem que não estou a falar de nenhum caso concreto, nem sequer de algo exclusivo da realidade portuguesa.
Admitamos que cada um de nós pode dar o seu contributo para reduzir a gravidade destes problemas. Por exemplo, para quem tenha alguma curiosidade em ter noções básicas de inferência estatística – algo fundamental para melhor entender muitas das estatísticas disponibilizadas por instituições como os INEs, os Bancos Centrais ou mesmo pelos analistas financeiros, enter muitos outros – e não queira ter grande gasto além de dedicar algum tempo à tarefa, recomendo a leitura das pouco mais de 40 páginas da breve Introdução à Inferência Estatística da autoria da Professora Maria Eugénia Graça Martins (Departamento de Estatística e Investigação Operacional da FCUL) editado on-line em Abril último e disponível no sempre pedagógico projecto ALEA.
É um pequeno contributo, mas quem sabe se não poderá evitar alguns disparates embaraçosos. Boas leituras!
Pois… Ainda ontem vi o Martim Avillez Figueiredo do diário económico a dizer barbaridades na SIC notícas sobre o INE. Ignorância, como diz…
Pois quanto a isso já escrevi concretamente noutras paragens: Não dá para perceber… Bater no ceguinho só por gozo?