Opinião:
O número de casais em que ambos estão desempregados continua a bater recordes históricos (ver “Casais no desemprego: número quase duplica e toca recorde“); o desemprego de longa duração aumenta levando a que o subsídio de desemprego se esgote. A seguir são as poupanças, se existirem, a erodir-se. Os casais no desemprego serão, a prazo, candidatos prováveis para engrossar o grupo de portugueses que muitos políticos cuidam de implicitamente catalogar de malandros, preguiçosos e parasitas: os recetores do RSI, o Rendimento Social de Inserção.
Nunca como hoje tal esforço de estigmatização terá sido tão desajustado da realidade. Nunca como hoje tantos precisaram de ajuda para ultrapassar com um mínimo de dignidade (ainda que sob um padrão… pouco digno) a imensas dificuldades que existem na economia portuguesa.
Este deve ser o tempo para ver no outro uma imagem de nós, não deve ser o tempo para acicatar invejas absurdas à conta de uma ínfima minoria de oportunistas. Que não se confunda o garante de fazer chegar ajuda a quem efetivamente precisa com uma forma descarada de humilhar todos o que estão numa situação de desespero.