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Durante o mês de dezembro de 2011, as exportações cresceram apenas 4,8% face a igual mês de 2010. Este valor foi particularmente baixo, cerca de um terço do que se havia registado entre novembro de 2011 e novembro de 2010. Mas o que vem isto ao caso quando são divulgados dados de março de 2012? Clique na imagem para aumentar.
Bom, com a recolha de informação relativa a março de 2012, o mês de dezembro saiu da informação trimestral na qual o INE baseia grande parte da análise do comércio externo de bens. Dezembro foi muito menos positivo do que março, mês no qual as exportações subiram 8,3% em termos homólogos e, como tal, pela primeira vez desde outubro, as exportações no trimestre terminado no mês com informação mais recente foram superiores às registadas no trimestre terminado no mês imediatamente anterior.
Segundo estes dados, as exportações interromperam a tendência de desaceleração, passando de 10,2% para 11,6% em termos homólogos. Só que… Só que a variação homóloga do mês março considerado isoladamente, os tais 8,3%, são muito menores que as de fevereiro (13,5%) ou de janeiro (13,6%) e, por esta via, as exportações estão a desacelerar. É por estas e por outras que, leitores menos informados, podem ouvir dois economistas, ou políticos, a dizer coisas aparentemente opostas (as exportações aceleraram versus as exportações desaceleraram) e desconfiar da credibilidade dos mesmos. Na realidade, ambos estão certos SE esclarecerem qual o indicador que estão a usar.
O INE (e nós) prefere privilegiar para título do seus comunicados de imprensa, as variações homólogas tomando por base os valores médios do trimestre pois acabam por ser dados menos influenciados por oscilações muito pontuais de um determinado mês (seja ele o mês corrente, seja o mês homólogo com o qual ele é comparado). Deste modo, torna-se mais fácil identificar o movimento mais perene que caracteriza a fase do ciclo do presente momento desta variável económica.
Mas é também legítimo e útil ainda que mais falível, verificar como estão as estatísticas mensais, particularmente como forma de procurar antecipar o futuro próximo. No presente trimestre, por exemplo, o melhor mês foi o primeiro e o pior o terceiro, o que torna um pouco mais aceitável advogar que podemos esperar uma desaceleração efetiva do ritmo de crescimento das exportações: é preciso que abril seja melhor que os 13,6% de variação homóloga de janeiro para que as exportações não desacelerem.
Quanto às importações, a evolução no trimestre terminado em março indica alguma recuperação já que a queda (3,3%) é inferior à apurada no trimestre terminado no mês de fevereiro (6,0%). Note-se que o mês de março tomado isoladamente, apresenta uma queda homóloga algo abrupta das importações (de -1,8% em fevereiro para -9,9%). Ou seja, tal como nas exportações, a última observação mensal indica uma degradação (neste caso, uma forte queda), enquanto os dados trimestralizados apontam para uma desaceleração do ritmo de descida.
Para já, a evolução do comércio internacional de bens continua, a ritmo acelerado, a aproximar-se de uma situação de equilíbrio, com a taxa de cobertura das importações pelas exportações a subir para os 81,0% muito à conta do dinamismo das relações comerciais com países de fora da União Europeia.
O peso das trocas intracomunitárias continua a diminuir claramente representando agora 71,8% das trocas globais e 72,4% das exportações. As exportações para a União subiram 5,4% no trimestre enquanto que para fora da União aumentaram 32,3% (20,4% excluindo combustíveis e lubrificantes). Quanto às importações da União caíram 8,7% enquanto que as de fora da União aumentaram 14,4% (caíram 13,8% se excluindo combustíveis e lubrificantes).
Para já, em termos de evolução recente, da União Europeia não vêm bons ventos…