As exportações de bens disparam no início de 2023 crescendo 13,2% no primeiro trimestre (9,1% para as importações) e estão a patrocinar projeções para o PIB de 2023 fortemente revistas em alta.
No mês de março, em particular, aumentaram 18,7% o que compara com um aumento de 9,3% nas importações.
No espaço de 12 meses, a taxa de cobertura das importações pelas exportações aumentou significativamente, passando de 72,7% em março de 2022 para 79% em março de 2023.
O INE avança que este comportamento encontra sustentação nos Fornecimentos industriais (+19,0% e +12,5%, para exportações e importações, de variação homóloga, respetivamente) mas também na diminuição nas importações de Combustíveis e lubrificantes (-12,7%), devido à redução dos preços.
Sem os Combustíveis e lubrificantes, observaram-se aumentos de 20,8% nas exportações e 13,4% nas importações.
Na prática, este crescimento mais elevado das exportações face às importações está a provocar uma descida do défice da balança comercial de bens.
Ainda segundo o INE, o défice diminuiu 388 milhões de euros face a março de 2022, atingindo 2 088 milhões de euros.
Estados Unidos compram mais produtos nacionais
O país que mais aumentou, em termos relativos, o consumo de exportações portuguesas foi os Estados Unidos da América com mais +32,7% no 1º trimestre de 2023. Seguiram-se-lhe, Angola (+26,0%) e Reino Unido (+22,5%).
Em volume, a liderança dos incrementos coube a Espanha (+€357 milhões), seguida de perto pelos Estados Unidos (+€343 milhões) e por França (+€292 milhões).
O maior destino das nossas exportações, no 1º trimestre de 2023, continuou a ser Espanha (€5228 milhões), seguida da França (€2745 milhões) e da Alemanha (€2265 milhões).
Sobre as importações convidamos o leitor a consultar as tabelas em baixo, extraídas do INE. Destacamos apenas que Espanha é , de longe, o nosso principal fornecedor de importações, com o qual temos uma taxa de cobertura muito mais desequilibrada do que temos em termos globais (58% face a 79%, respetivamente). Como curiosidade a nota de que exportamos mais bens para a França do que importamos (taxa de cobertura de 150% no 1º trimestre de 2023).
Projeções para o PIB de 2023 fortemente revistas em alta
Admitindo que a atividade turística terá mantido o seu comportamento de forte dinamismo no primeiro trimestre, é natural que a balança de bens e serviços esteja a registar um comportamento francamente positivo no início de 2023.
Estes números agora afinados pelo INE (revistos em alta tanto para as exportações quanto para as importações de bens, face à estimativa preliminar) serão incorporados na próxima estimativa do PIB mas não a deverão alterar significativamente. Recorde-se que o INE apresentou na sua estimativa rápida relativa às contas nacionais trimestrais um valor para a variação real homóloga do PIB referente ao 1º trimestre de 2023 de +2,5%. Valor que, não deixando de revelar o 4º trimestre consecutivo de desaceleração do PIB, surpreendeu positivamente a generalidade dos analistas que projetam estimativas para a realidade macroeconómica portuguesa.
Na sequência desses dados mais positivos do PIB divulgados pelo INE a 28 de abril de 2023, o FMI veio a rever em forte alta a sua previsão para Portugal para o ano de 2023.
Em outubro de 2022, aquando da apresentação da proposta de orçamento do estado para 2023, o FMI perspectivava um crescimento para a economia portuguesa, em 2023, de 0,7% do PIB. No início de maio de 2023, essa projeção apontava já para um crescimento de 2,6%, um valor quase quadruplo do previsto em outubro.