Uma taxa de inflação a 2% continua a ser uma miragem, quer a nível interno, quer a nível europeu, segundo os dados mais recentes do Eurostat. Energia (para os transportes e aquecimento) e produtos alimentares não transformados explicam o essencial do movimento ascendente dos preços nos últimos meses.
Inflação em Portugal aumenta mas desacelera
A taxa de variação média anual do índice de preços no consumidor (IPC) subiu uma décima para os 0,8% em março de 2017. Apesar deste aumento, uma redução no custo dos combustíveis contribuiu para uma variação homóloga em março de 1,4%, inferior em duas décimas à registada em fevereiro.
A média anual e a última variação homóloga estão assim a seis décimas de distância sendo o cenário mais provável que a taxa de inflação continue a aproximar-se do ponto percentual a um ritmo moderado.
A inflação subjacente, indicador que procura analisar a evolução dos preços, descontando as classes de despesa mais voláteis, como os combustíveis e os produtos alimentares não transformados, continua a registar uma variação homóloga muito inferior à do indicador global.
Em março de 2017, fixou-se nos 0,6%, valor que é inclusive inferior à variação média anual do IPC conforme se pode deduzir do confronto entre os dois valores referidos. Para já, a subida de preços ao nível dos produtos energéticos não parece estar a contagiar a generalidade das restantes classes de despesa.
Assim, em Portugal, a taxa de inflação mais estrutural continua claramente abaixo da meta para a estabilidade de preços definida pelo Banco Central Europeu (deve rondar os 2%), sendo expectável que assim continue durante largos meses.
Recorde-se que a mais recente previsão para a taxa de inflação em 2017 feita pelo governo e divulgada no Programa de Estabilidade e Crescimento 2017-2021, aponta para um crescimento dos preços no corrente ano de 1,6%.
Desaceleração significativa da Inflação na Zona Euro
Se em fevereiro de 2017 a variação homóloga na Zona Euro havia atingido o número mágico de 2%, em março os preços cresceram 1,5% face a igual mês do ano anterior, desacelerando significativamente. Recorde-se que em janeiro a taxa de variação homóloga havia sido de 1,8% e em dezembro de 2016 de 1,1%. Ainda assim este é o quarto mês consecutivo em que a variação homóloga se fixa acima do ponto percentual.
O grande impulsionador para este movimento ascendente tem sido a evolução dos preços da energia (transportes, aquecimento) e os produtos alimentares não transformados o que indicia que, também a nível da Zona Euro, a inflação subjacente esteja a evoluir de forma muito mais moderada e bastantes distante da já referida meta dos 2%.
Mais informação sobre a inflação em Portugal no INE e sobre a inflação na Zona Euro e na União Europeia no Eurostat.
A nossa taxa aqui no Brasil está o dobro dessa taxa perseguida.